Não, você não vira “outra pessoa” quando bebe. Veja o porquê
É claro que sua personalidade pode mudar um pouco depois de uns bons drinks. Mas não tanto quanto você imagina
Que tipo de bêbado é você? O chorão, aquele que gosta de ligar para os outros, o dançarino, ou ainda o que prefere sair jogando verdades na cara de todo mundo? A lista de possibilidades vai longe. Isso porque todo mundo acredita possuir um alter-ego embriagado, pronto para vir à tona toda vez que for além da conta com a bebedeira. No entanto, essa mudança de personalidade parece ser mais psicológica do que real. Aos olhos dos outros, pelo menos, você não muda o quanto acredita ter mudado só porque está bêbado.
É o que defende um estudo publicado no periódico Clinical Psychological Science. Em um experimento, os 146 participantes tiveram de descrever sua personalidade em dois momentos: quando estão sóbrios e a que acreditavam adquirir depois de alguns mL de álcool no sangue.
Depois disso, as cobaias foram até o laboratório para participar de um momento que recriava uma situação social comum. Enquanto parte deles ficou se embebedando por 15 minutos, divididos em grupos com mais dois ou três amigos próximos, o restante dos voluntários fazia a mesma programação, mas tomava apenas um inofensivo refrigerante de limão.
Mais 15 minutos, e os cientistas iniciaram a terceira parte do experimento. Com os drinks devidamente batendo na cabeça, os voluntários tiveram de participar de uma sequência de atividades lógicas e de discussão em grupos. Todos esses momentos foram gravados em vídeo, para que outros voluntários pudessem avaliar o comportamento de quem tinha enchido a cara.
Como esperado, quem havia bebido os drinks respondeu que estava menos agradável, menos consciente de seus atos, menos aberto a novas experiências e menos “neurótico”. Para eles, apenas um dos quesitos foi amplificado pelo álcool: se sentiam mais extrovertidos. E eles tinham razão, já que há uma lista de coisas normalmente constrangedoras que a sensação de estar bêbado costuma tornar mais fáceis – você, leitor da SUPER, já sabe disso.
O ponto é que, de todos os quesitos, “extroversão” foi o único que sofreu mudanças. No vídeo, eles pareceram aproveitar mais o momento com os outros, estavam mais ativos e se mostraram mais seguros de si – características ligadas a pessoas extrovertidas. Mas para quem assistiu, as mudanças pararam por aí. Não foram notadas diferenças profundas em relação a quem os participantes disseram ser sóbrios e o que mostraram ser durante as atividades – quando estavam embriagados.
Isso tudo quer dizer que, por mais que pareça uma explicação razoável, não dá para colocar a culpa no seu “outro eu” quando você fizer alguma bobagem. A bebedeira serve, no máximo, para excluir os detalhes da sua mente sobre o que você fez, e assim te fazer sentir menos vergonha de si próprio no dia seguinte. Não que essa seja uma vantagem tão grande assim, também.