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Novo vírus é descoberto em aves do Rio Grande do Sul

A variedade é inofensiva para humanos – mas integra a família de um vírus que causa problemas severos para aves

Por Guilherme Eler
Atualizado em 26 jul 2017, 18h55 - Publicado em 26 jul 2017, 18h54

Monitorando aves migratórias do Rio Grande do Sul, pesquisadores brasileiros conseguiram identificar um novo tipo de vírus, característico desses animais emplumados. Batizado de paramixovírus aviário 15, ele é da mesma família do paramixovírus 1 – causador da doença de Newcastle. Apesar de inofensiva aos humanos, essa enfermidade costuma ser devastadora para aves, levando a problemas respiratórios severos.

A descoberta data de abril de 2012, mas só foi publicada recentemente no periódico PLOS One. Ela aconteceu enquanto Luciano Matsumiya Thomazelli, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), procurava por evidências de vírus em aves no Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no litoral sul do Rio Grande do Sul.

Por lá, o pesquisador capturou para análise um exemplar de Calidris fuscicollis, popularmente conhecida como maçarico-de-sobre-branco (essa avezinha branca que você pode ver na imagem da matéria). O estudo da amostra indicou uma coinfecção, ou seja, dois vírus diferentes parasitando o bicho ao mesmo tempo. Um deles era o influenza, mas o outro era inédito – não havia sido descrito antes.

“Mandamos a amostra para colaboradores no St. Jude Children’s Research Hospital, em Memphis, nos Estados Unidos, onde foi feito o sequenciamento do genoma completo”, contou Thomazelli, em entrevista à Agência FAPESP. Assim, surgia o paraximovírus aviário 15.

“Geneticamente, ele está mais próximo de vírus primeiramente descritos na América do Sul, o que nos leva a acreditar que ele possa ter se originado de nossa região mesmo”, diz.

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Testes feitos no Laboratório Nacional Agropecuário, do Ministério da Agricultura, confirmaram que a nova espécie não representa risco. “É um alívio, principalmente se levarmos em conta que o Brasil é o maior exportador de frango do mundo. Qualquer vírus patogênico para aves, em especial as galinhas, geraria extrema preocupação, mas não é o caso”, completa Thomazelli.

Por todo o Brasil, há 20 locais de monitoramento de entrada de aves migratórias. Pelo menos 197 espécies de aves encontradas no país podem migrar – deste total, 53% se reproduzem em território nacional. O trabalho dos pesquisadores visa avaliar o risco do surgimento de novos vírus, identificando e reportando assim que novas variedades deem as caras no Brasil.

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