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O deserto que virou paraíso

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 31 mar 2000, 22h00

A Amazônia não foi sempre a mata equatorial que conhecemos atualmente. Há centenas de milhares de anos, o clima da Terra era mais frio do que hoje e grande parte da água do planeta estava bloqueada na forma de gelo. Como conseqüência, havia pouca umidade no ar e a área que conhecemos como uma enorme mata não passava de um vasto deserto. Em meio à areia nua, aqui e ali, despontavam ilhas verdes isoladas, cada uma com seus próprios bichos e plantas.

Esses ecossistemas independentes – batizados de refúgios ecológicos – são a base da teoria que o zoólogo Paulo Vanzolini elaborou em 1969 em colaboração com o geógrafo Aziz Ab’Sáber, ambos da Universidade de São Paulo. Ela explica por que convivem na Amazônia tantas espécies diferentes. É que, logo que o clima esquentou, as ilhas verdes se espalharam sobre a areia e acabaram unidas numa única massa vegetal, que agregou toda a fauna e a flora que se desenvolvera nos diversos refúgios do passado. É verdade que, nesse processo, agumas espécies desapareceram. Mas muitas outras surgiram do cruzamento das sobreviventes. Deu uma diversidade imcomparável.

Esse tipo de reviravolta, diz Vanzolini, deve ter sido comum no passado, pois as glaciações resfriam o planeta em ciclos, repetindo-se a cada 100 000 anos. “Isso bagunça mesmo os ecossistemas”, afirma o cientista. “Já houve mata de várzea amazônica no Triângulo Mineiro, onde hoje existe um cerrado”, ilustra ele. Como o fenômeno é cíclico, a Amazônia pode voltar a ser sertão um dia.

Sob o signo da seca

Veja como a secura da Amazônia, no passado, gerou uma grande biodiversidade.

1. Há mais de 20 000 anos, a região era seca. Havia apenas oásis de vegetação, cada um com seus próprios bichos e plantas.

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2. De 10 000 anos para cá, o clima ficou mais úmido. As áreas verdes cresceram até colar umas nas outras. Esse ambiente ampliado juntou uma grande variedade de espécies.

Entre répteis e boêmios

Paulo Emílio Vanzolini é mais famoso pelo lirismo do que pelos estudos, graças à contribuição que deu à música popular brasileira, compondo canções como Ronda e Volta por Cima. Apesar de achar a música “uma simples brincadeira”, como disse à SUPER, acabou se envolvendo com ela por ser boêmio. É um erudito que aprecia cachaça em mesa de bar. De quebra, o cientista ampliou o vocabulário da língua portuguesa, já que a expressão “volta por cima”, criada por ele, virou um verbete do Dicionário Aurélio. Mas é certo que Vanzolini também será lembrado por seu trabalho científico, embora ele não gosta de falar disso. Diz que seus estudos teóricos são “banais”, e os lagartos, cobras e tartarugas que descreveu, “um acidente, sem valor nenhum”. Pura modéstia. Nascido em 25 de abril de 1923, em São Paulo, sua história se confunde com a da Zoologia no Brasil. Especialmente com a do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, onde ajudou a montar uma das maiores coleções de répteis e anfíbios do mundo. “Quando eu cheguei lá, havia 1 200 exemplares. Agora temos 220 000”, orgulha-se.

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