O drama é velho conhecido dos estudantes – quando chega a hora da prova, dá aquele branco e nada vem à cabeça, por mais que se tenha estudado. A culpa, segundo a neurologista suíça Dominique de Quervain, da Universidade de Zurique, é do estresse. Ela e sua equipe demonstraram que lembranças de curto prazo podem ser prejudicadas pelo cortisol, um hormônio normalmente liberado em situações de tensão – como uma prova. Os cientistas chegaram a essa conclusão depois de checar a memória de dois grupos de voluntários, um dos quais tomou pílulas do hormônio antes de começar o teste. Em seguida, os participantes das duas turmas memorizaram uma lista de sessenta palavras e, no dia seguinte, tentaram escrever aquelas de que se lembravam. Não deu outra: o grupo que estava sob a ação do cortisol esqueceu mais de 60% do que tinha decorado, em comparação com apenas 30% do outro grupo. Para Dominique, esse efeito negativo do hormônio pode ser útil, no final das contas. “É que, ao afastar recordações recentes, ele ajuda o cérebro a se concentrar na busca de alívio para a situação estressante”, estima a pesquisadora.