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O mais versátil dos mestres

Bernardo Esteves Ele tomava 18 gramas de vitamina C por dia. E foi um dos raros cientistas americanos a protestar contra as armas atômicas. Linus Pauling entrou para a História: foi o único a receber dois Prêmios Nobel sozinho. Linus Carl Pauling é um caso único. Ganhou o Nobel, sozinho, sem colaboradores, duas vezes: o […]

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Atualizado em 31 out 2016, 18h54 - Publicado em 30 set 1998, 22h00
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  • Bernardo Esteves

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    Ele tomava 18 gramas de vitamina C por dia. E foi um dos raros cientistas americanos a protestar contra as armas atômicas. Linus Pauling entrou para a História: foi o único a receber dois Prêmios Nobel sozinho.

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    Linus Carl Pauling é um caso único. Ganhou o Nobel, sozinho, sem colaboradores, duas vezes: o prêmio de Química, em 1954, por suas pesquisas sobre ligações químicas e estrutura molecular, e o da Paz, em 1963, pela luta contra os testes nucleares na atmosfera. Foi um verdadeiro faz-tudo da Ciência. Publicou vários livros e centenas de artigos sobre Cristalografia, Mecânica Quântica, Química Estrutural, Mineralogia, Anestesia, Imunologia, Medicina e evolução das espécies, sem contar as obras políticas.

    Na infância, colecionava insetos e minerais. Trabalhou duro para ajudar a família. Diplomou-se em Química aos 21 anos e concluiu seu doutorado aos 24. Estudou na Europa com cientistas geniais como Niels Bohr e Erwin Schrödinger. De volta aos Estados Unidos, tornou-se professor titular do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), onde ensinou de 1936 a 1964. Passou também pelas universidades da Califórnia e Stanford.

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    No Caltech, pesquisou as forças que unem os átomos e permitem a formação de moléculas, trabalho que lhe valeu o primeiro Nobel (veja o quadro). Foi um dos grandes cientistas do século e também um incansável ativista político. No final da Segunda Guerra, alarmado pelas bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, alertou o mundo para o perigo das armas nucleares. Fez centenas de conferências e mobilizou os cientistas na defesa da paz e do desarmamento. Onze mil deles (entre os quais Albert Einstein e Bertrand Russell) assinaram a petição que apresentou à ONU em 1958 solicitando o fim dos testes nucleares.

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    Pagou caro por isso. Foi acusado de comunista em seu país e teve seu passaporte confiscado. Mas, em 1963, viu os Estados Unidos e a União Soviética assinarem o primeiro acordo proibindo parcialmente os testes nucleares. No dia em que o tratado entrou em vigor, a Academia de Ciências da Noruega anunciou seu nome como ganhador do Nobel da Paz. Também criticou o envolvimento norte-americano na Guerra do Vietnã. E, em 1991, durante a crise do Golfo Pérsico, gastou dinheiro próprio publicando nos jornais anúncios contra a guerra.

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    A partir dos anos 70, concentrou-se nas pesquisas sobre a vitamina C. Acreditava que megadoses desse composto poderiam aumentar a expectativa de vida e ajudar na prevenção da gripe, do câncer e das doenças cardiovasculares. No fim da vida, ingeria diariamente 18 000 mg da vitamina, quando a dose recomendada era de 60 mg. Convenceu muitos a fazerem o mesmo, mas sua tese foi criticada por cientistas. Em todo caso, viveu até os 93 anos.

    Ficha técnica

    Nome

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    Linus Carl Pauling

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    Nascimento

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    28 de fevereiro de 1901, em Condon, Oregon (EUA)

    Morte

    20 de agosto de 1994, em Big Sur, Califórnia (EUA)

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    Formação

    Química pela Universidade de Oregon, com doutorado pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech)

    Ocupação

    Químico e biólogo molecular

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    Destaque

    Desvendou a natureza das ligações químicas e a estrutura de moléculas complexas; foi o único ganhador de dois Nobel individuais, o de Química, em 1954, e o da Paz, em 1963

    Eureka! Eureka! Eureka!

    Uma noite divertidíssima. Fazendo contas

    “Foi uma noitada fantástica.” Assim Pauling resumiu, certa vez, uma de suas noites em claro no final de 1930. Mas o cientista não havia ido a nenhuma festa. Ele passara horas debruçado sobre equações, resolvendo um problema que o instigava havia mais de dez anos: a natureza das ligações químicas nas moléculas. Essa foi sua contribuição mais importante para a ciência, que lhe rendeu o Nobel de Química em 1954.

    Aplicando noções de Mecânica Quântica à Química, Pauling descobriu como os átomos se unem. Isso só foi possível graças a um conceito que ele mesmo desenvolveu: a eletronegatividade, a tendência dos átomos neutros a receber elétrons, adquirindo carga negativa. É ela que determina o grau de facilidade com que os átomos de ligam para formar as moléculas.

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    Uma vez conhecida a natureza das ligações químicas, foi possível descobrir a estrutura e dimensão de moléculas mais complexas. Inicialmente interessado nos cristais, Pauling acabou se voltando para as moléculas do corpo humano, sobretudo as proteínas. Em 1948, descobriu a estrutura em hélice das proteínas, inaugurando a Biologia Molecular. E quase chegou à descoberta do DNA, que só aconteceria em 1953.

    “Sou otimista. Mas o meu otimismo é de combate. Consiste em dizer que o que nós faremos da Terra depende da nossa energia em lutar pelo homem.”

    Imagem: gettyimages.com

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