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O Monte Everest está crescendo e é tudo culpa de um rio

Em um novo estudo, geólogos propõem que o Everest e suas montanhas Himalaias vizinhas estão crescendo cerca de 2 milímetros por ano, por causa do rio Arun

Por Manuela Mourão
5 out 2024, 10h00

Com seus apenas 50 milhões de anos, parece que o Monte Everest está passando pela puberdade e vivendo um estirão – pelos últimos 89 mil anos. O garotão já cresceu entre 15 a 50 metros a mais do que o seu tamanho esperado, tudo isso por causa de um rio que vem erodindo rochas em sua base, empurrando-o para cima.

A cordilheira do Himalaia é uma jovem, se comparada com os anos de vida da terra: 50 milhões versus 4.5 bilhões. Apesar de estudos sugerirem que a área já era alta, foi com a colisão das placas tectônicas da Índia com a Eurásia que as grandes montanhas surgiram. 

Porém, um estudo recente, publicado na Nature Geoscience, registrou que o Everest, o grande cartão postal do Nepal, que atinge a marca de 8.849 metros de altura, estaria crescendo alguns metros adicionais por resultado da erosão de rios ao seu redor. Vale ressaltar que o pico chega a medir 250 metros a mais que as demais montanhas himalaias. 

Para testar a hipótese, a equipe de cientistas criou um modelo de como teria sido a evolução dos rios que cercavam as montanhas. O resultado propõe que há cerca de 89 mil anos atrás, o rio Arun, que ficava a norte do Everest e corria para o leste, se juntou com uma parte mais baixa do mesmo rio, devido a processos erosivos. Esse encontro fez com que o Arun passasse a fazer parte do sistema do rio Kosi. 

Como resultado, mais sedimentos foram depositados na base do monte e o desfiladeiro do rio Arun foi formado. O pico, considerado o mais alto do mundo, está na fronteira entre a China e o Nepal, enquanto o Arun flui do Tibet ao Nepal, onde se torna parte do Koshi e vai até a Índia.  

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Para o jornal The Guardian, Matthew Fox, um dos autores do estudo disse que na época (89 mil anos atrás) “haveria uma enorme quantidade de água adicional fluindo através do rio Arun, e isso teria sido capaz de transportar mais sedimentos e erodir mais rochas.”

Já hoje em dia, o processo funciona mais ou menos assim: à medida que o rio vai correndo pelo Himalaia, ele vai removendo materiais da crosta terrestre. Dessa forma, a força com que ela exerce sobre o manto diminui, e a deixa mais flexível, possibilitando que ela flutue.

Esse processo é chamado de ajuste isostático ou ajuste pós-glacial.

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“O Monte Everest e os picos vizinhos estão crescendo porque o ajuste isostático os eleva mais rápido do que a erosão os desgasta.” Fox disse à BBC. “Conseguimos ver que eles crescem 2 milímetros por ano, usando GPS, e agora conseguimos entender o motivo.”

Para o jornal The Guardian, Jingen Dai, um dos autores da pesquisa, disse: “nossa pesquisa demonstra que até mesmo o pico mais alto do mundo está sujeito a processos geológicos constantes”. Mas, Dai adverte que esse não é um processo que continuará indefinitivamente, e que chegará ao fim quando o sistema do rio se equilibrar. 

Outros geólogos, não envolvidos na pesquisa, disseram que a hipótese proposta pelo estudo era possível, mas que ainda eram necessários mais estudos para que a teoria fosse confirmada. 

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