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Nem os animais mais resistentes do planeta estão imunes ao aquecimento global

Os tardígrados sobrevivem até no vácuo do espaço. Mas, aqui na Terra, são vulneráveis a altas temperaturas em longos períodos.

Por Bruno Carbinatto
27 jan 2020, 18h29

Eles são bem pequeninos: têm um milímetro de comprimento, mais ou menos. Mas não se deixe enganar pelo tamanho diminuto. Os tardígrados, ou ursos d’água, estão entre as criaturas mais resistentes da Terra. Eles podem sobreviver a secas prolongadas, temperaturas congelantes ou extremamente altas, falta de oxigênio, pressões altíssimas ou até um apocalipse nuclear. Tudo isso graças à habilidade de se desidratarem e reduzirem seus metabolismos a níveis baixíssimos, em um processo conhecido como criptobiose.

Esses extremófilos (organismos que sobrevivem em condições extremas) são também os únicos animais terrestres que conseguem sobreviver no vácuo do espaço sem a necessidade de equipamentos. Eles já chegaram, inclusive, à Lua, depois que uma missão espacial fracassada de Israel contaminou o astro com esses bichinhos

Mas, após anos sendo considerados quase imbatíveis em uma série de experimentos, os tardígrados parecem ter finalmente revelado uma fraqueza. E ela está ligada a um fenômeno que oferece riscos à qualquer forma de vida na Terra: o aquecimento global.

Resistentes ao calor, pero no mucho

Uma equipe de cientistas da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, identificou que uma espécie de tardígrado que habita o país – a Ramazzottius varieornatus – é particularmente vulnerável à exposição prolongada ao calor. Ao submeter os bichinhos por temperaturas altas durante mais de 24 horas, eles constataram que metade das cobaias no estado normal sucumbia quando a temperatura era de 37,1º C. Para efeito de comparação, a temperatura mais alta já registrada da Dinamarca foi de cerca de 36,5º C.

Quando os cientistas repetiram o experimento, dessa vez com tempo para o processo de aclimatação, os tardígrados resistiram até os 37.6º C. No estado de criptobiose, com metabolismo baixíssimo e resistência elevada, eles aguentaram bem mais: 82.7º C, ao longo de uma hora inteira. Mas, quando a exposição durou 24 horas, os ursos d’água só resistiram até os 63.1º C.

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Os tardígrados só entram no estado de criptobiose quando não há água disponível no ambiente. Dessa forma, os que estão na natureza em ambientes aquáticos estão correndo risco já nas temperaturas menores.

De fato, os tardígrados já haviam demonstrado ser resistentes ao calor antes – mas só em períodos de tempo curtos. Isso permitia, por exemplo, que eles fossem literalmente fervidos e sobrevivessem. Mas o novo estudo, publicado na revista Scientific Reports, aponta que longas exposições a altas temperaturas são o “calcanhar de Aquiles” desses seres.

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O resultado chama a atenção para as consequências do aquecimento global, visto que a temperatura letal para os tardígrados em estados normais não está muito distante das altas temperaturas da Dinamarca – que devem aumentar nos próximos anos como resultado das mudanças climáticas. Os cientistas ainda não sabem se os extremófilos conseguirão se adaptar na velocidade necessária para lidar com isso. 

O novo estudo só focou em uma única espécie de tardígrado, encontrada em países nórdicos, é verdade. Mas a Ramazzottius varieornatus é conhecida por ser especialmente resistente, o que levanta um alerta sobre os tardígrados em geral. Estudos anteriores já apontaram que outra espécie de tardígrado que vive na Antártida, a Acutuncus antarcticus, também pode ser extinta com o aumento da temperatura dos oceanos. 

Enquanto isso, o aquecimento global já vem impactando tanto a vida animal e vegetal. E parece que nem os animais mais resistentes do mundo estão a salvo.

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