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Peixe artista faz obras de arte no fundo do mar para atrair fêmeas; veja fotos

Esses padrões encontrados na costa do Japão foram um mistério por décadas, até que os cientistas descobriram o responsável: uma espécie de baiacu.

Por Bela Lobato
17 out 2024, 19h00

Em 1995, mergulhadores na costa do Japão começaram a notar padrões geométricos misteriosos no fundo do mar. Os avistamentos continuaram nos próximos anos: desenhos com até dois metros de diâmetro, circulares e elaborados. O mistério durou por duas décadas, até que, em 2013, cientistas finalmente descobriram o autor: uma espécie de baiacu, o Torquigener albomaculosus.

Apesar de ter apenas 12 centímetros de diâmetro, o baiacu é capaz de criar sozinho essas grandes estruturas de cristas e vales simétricos e impressionantes. Ele começa traçando um círculo com a barriga, e depois agita as barbatanas de forma ordenada, movendo a areia do fundo do mar para formar um labirinto. 

Foto do baiacu macho cavando um vale com suas nadadeiras e corpo.
(NIH - National Library of Medicine/Reprodução)

O centro é feito de uma areia mais fina em relação à parte externa, e conchas são utilizadas para decorar o topo. Atualmente, acredita-se que essas são as mais complexas estruturas criadas por um peixe.

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O processo de construção do padrão pode durar entre sete e nove dias, mas o esforço tem um objetivo claro: a reprodução. O mistério dessas obras de arte subaquáticas começou a ser revelado em 2013, quando um estudo apontou que a complexidade e beleza das figuras são usadas para atrair fêmeas para o acasalamento.

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Depois de prontos, as fêmeas avaliam minuciosamente os padrões criados pelos machos, que se exibem movimentando a areia da estrutura. Existem evidências de que as fêmeas podem ser capazes de prever a saúde e o tamanho de um macho pelo tamanho dos vales e cristas da estrutura – e o mesmo vale para a exibição de movimentos de areia. 

Foto das alterações na estrutura circular construída pelo baiacu macho.
As fases de uma mesma estrutura circular construída pelo baiacu macho. A imagem a mostra o estágio inicial, que progride em b e chega ao estágio final em c, com a estrutura pronta. Na imagem d, o ninho após a desova, já sem manutenção do macho. (NIH - National Library of Medicine/Reprodução)

Se o show for suficiente para impressionar, a fêmea se aproxima do chão e acontece a cópula, quando os gametas são liberados dentro da estrutura, que funciona como um ninho.

Essa, aliás, é outra função da obra: proteção dos ovos. Um estudo  reproduziu as estruturas criadas pelos baiacus em modelos computacionais e constatou que a estrutura geométrica modifica o fluxo de água que entra pelos vales. Assim, a velocidade da água dentro do ninho diminui em 25%, e a circulação favorece que os ovos estejam sempre cercados de uma água rica em oxigênio, nunca parada.

Após colocar os ovos, a fêmea sai de perto e o macho se torna responsável pela proteção, mas param de fazer a manutenção da estrutura do ninho. A prioridade é afastar eventuais predadores ou machos rivais. Os filhotes nascem dentro de cinco dias, quando o ninho já está se deteriorando. Ele não voltará a ser utilizado nas próximas estações.

O comportamento dessa espécie é um exemplo fascinante de como as espécies podem desenvolver, além de características físicas, comportamentos complexos para sobreviverem. O Torquigener albomaculosus transforma o fundo do mar em uma galeria de arte secreta, e a beleza e o capricho nas chaves para a perpetuação da espécie.

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