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Pessoas vacinadas precisam continuar usando máscara. Entenda o motivo

Quem toma a vacina fica protegido contra o Sars-CoV-2 – mas pode continuar espalhando o vírus.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 9 dez 2020, 17h31 - Publicado em 9 dez 2020, 17h27

Nesta quarta-feira (9), a Health Canada, agência que regula as vacinas no país, aprovou o uso do imunizante contra a Covid-19 desenvolvido pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech. Na última semana, o uso dessa mesma vacina já havia sido regularizado pelo Reino Unido e Bahrein. Mas será que as pessoas vacinadas poderão deixar outras medidas de segurança, como a máscara e o distanciamento social, para trás?

Não tão cedo. A vacina da Pfizer, por exemplo, mostrou eficácia de 95% na proteção contra a doença. Por outro lado, não há dados referentes às possibilidades de pessoas vacinadas continuarem transmitindo o vírus. O novo coronavírus tem como principal porta de entrada o nariz das pessoas. Ele entra na cavidade nasal e começa a se multiplicar, o que gera uma resposta imune do corpo, produzindo anticorpos específicos da mucosa – tecido úmido que reveste o nariz, boca, pulmões e estômago. 

Se você já teve Covid-19, ao entrar em contato novamente com o Sars-CoV-2, os anticorpos da sua mucosa provavelmente já estarão preparados para o combate, impedindo que o vírus alcance outras partes do corpo e que você desenvolva a doença novamente. Mas as vacinas aprovadas até o momento não funcionam assim. Elas são injetadas num músculo do paciente, sendo rapidamente absorvidas pelo sangue, onde começam a estimular o sistema imunológico para que os anticorpos sejam produzidos. 

Nessa fase, os anticorpos devem se espalhar por todo o corpo, tendo algumas regiões de acesso mais fácil, como o pulmão, órgão em que a doença provoca seus sintomas mais graves. Também devem alcançar o nariz e a garganta, mas ainda não se sabe quantos anticorpos chegarão até lá, nem quanto tempo levarão para fazer isso. Dependendo desse tempo, o coronavírus ainda pode se alojar e se multiplicar no nariz. Ele não vai causar a doença de forma grave na pessoa, já que será barrado pelos anticorpos já presentes nos outros órgãos, mas poderá ser “espirrado” por aí.

As doses de vacina disponíveis atualmente não são suficientes para imunizar um país inteiro de uma vez. Então, é preciso pensar na parcela da população que, mesmo com o imunizante disponível, continuará em risco. É necessário considerar também aquelas pessoas que não poderão tomar a vacina por recomendações médicas, como gestantes, recém-nascidos e crianças, que foram vetadas pela bula da Pfizer.

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Jerica Pitts, porta-voz da Pfizer, disse ao New York Times que o laboratório realizará um ensaio para ver o número de pacientes que foram infectados pelo vírus após a imunização. Eles pretendem analisar a proteína viral N, que não tem relação com a vacina e pode indicar se a pessoa teve contato com o Sars-CoV-2. A empresa de biotecnologia Moderna pretende realizar o mesmo teste.

Em entrevista à Forbes, Mark Kortepeter, um médico especialista em doenças infecciosas, explicou que só será possível reduzir o uso da máscara quando houver uma redução da disseminação viral na sociedade, com mortes e número de infectados em declínio constante. Ainda há um longo caminho a ser percorrido para que possamos relaxar, de fato, as medidas de segurança.

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