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Por que adolescentes têm dificuldade de focar no que é importante

A resposta está no cérebro ainda em desenvolvimento. É por isso que recompensas e prazos não costumam motivá-los da maneira que acontece com os adultos

Por Guilherme Eler
29 nov 2017, 16h25

Ah, a adolescência. Época das espinhas, das dúvidas e da falta de motivação para qualquer atividade obrigatória. Por mais que pareça, não é só implicância dos pais: para os mais jovens, passar horas com a cara no celular costuma ser muito mais negócio do que se preparar para a prova do dia seguinte ainda que ela seja a mais importante do semestre. O fato é que, mesmo com prazos, avisos e cobranças batendo à porta, adolescentes têm mais facilidade em permanecer inertes a tudo isso. E a ciência sabe dizer por quê.

De acordo com um novo estudo, publicado no Nature Communications, o comportamento ‘100% nem aí’ característico da adolescência é resultado de um cérebro em desenvolvimento. Esse estágio incompleto de formação dificulta que os jovens tenham a real dimensão de suas escolhas, adaptando seu comportamento para situações que exijam boas doses de responsabilidade e foco.

Essa dificuldade ficou clara em um experimento, conduzido por pesquisadores Universidade Harvard. O desafio envolveu jovens com idade entre 13 e 20 anos, que foram convidados a participar de um jogo de perguntas e respostas. Enquanto isso, eles tinham seus cérebros monitorados, a partir da técnica de fMRI (sigla em inglês para ressonância magnética funcional, que detecta variações do fluxo sanguíneo de acordo com a atividade dos neurônios).

Em algumas fases do game, as cobaias ganhavam 20 centavos se respondessem corretamente à pergunta que piscava na tela e perdiam metade dessa grana caso errassem. Em outros momentos a recompensa era ainda maior: o voluntário ganharia US$ 1 pelo acerto, mas perderia 50 centavos se não soubesse a resposta ou respondesse de forma equivocada.

Os resultados do estudo reafirmam aquela ideia de que só o tempo traz experiência. Quanto mais velho era o participante, mais ele foi capaz de entender o momento e focar nas recompensas mais valiosas. Seu desempenho, assim, era melhor quando havia mais dinheiro envolvido. Esse foi o caso de quem tinha entre 19 e 20 anos.

Quem estava mais próximo da infância que da vida adulta, no entanto, pareceu ignorar as oportunidades mais graúdas: seu nível de atenção para as perguntas, seja as que valiam 20 centavos ou US$ 1, foi mais ou menos o mesmo durante todo o teste. “Se seu cérebro é jovem, você simplesmente não é muito bom em relacionar aquilo que você precisa fazer com o que você vai ganhar ou perder”, explicou Gina Rippon, uma das autoras do estudo, em um artigo para o site The Conversation.

A análise cerebral dos voluntários mostrou um ponto-chave para essa habilidade: a criação de ligações entre o córtex pré-frontal e as áreas do cérebro chamadas de ‘sub-corticais’. Esses laços cerebrais ajudam na formação do comportamento, da personalidade, e do sistema de recompensas, e permanecem em desenvolvimento até os 25 anos. É graças a um sistema de recompensas bem consolidado que a ideia de ir dormir cedo para render mais no dia seguinte se torna mais razoável que a vontade de virar a noite no videogame. Como idade mental e idade física nem sempre conversam, cada um acaba percebendo tudo isso (e virando adulto) no seu próprio momento. Pode colocar mais essa na conta do cérebro.

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