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Postes de luz podem endurecer as folhas que os insetos tentam comer

Estudo realizado em Pequim mostrou que as folhas de árvores iluminadas eram mais duras e menos cobiçadas que de outras árvores.

Por Eduardo Lima
5 ago 2024, 18h00

Árvores nas cidades iluminadas pela luz dos postes podem ser menos apetitosas para os insetos dos grandes centros urbanos do que as plantas que aproveitam o escuro da noite. É isso que um novo estudo publicado na revista Frontiers in Plant Science descobriu.

As folhas iluminadas pela luz artificial dos postes são mais duras que o normal, sendo consumidas por menos insetos do que suas colegas mais macias, longes da iluminação da cidade. De acordo com os pesquisadores, esse padrão pode ter um efeito prejudicial para a biodiversidade nas cidades, bagunçando a cadeia alimentar.

A ideia do estudo surgiu de um dos pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências, Shuang Zhang, que percebeu, andando por Pequim, que as árvores Styphnolobium japonicum e Fraxinus pennsylvanicaa recebiam menos dano de insetos do que outras plantas da cidade.

Mais luz, menos mordida

Os pesquisadores coletaram 5500 folhas de 180 árvores em 30 locais diferentes em Pequim. Algumas eram próximas dos postes de luz com lâmpadas de vapor de sódio, enquanto outras ficavam em regiões onde as noites não eram iluminadas.

Eles mediram o tamanho das folhas, sua dureza, quanta água elas continham e seus níveis de nutrientes. Além disso, os cientistas também registraram qualquer evidência de danos causados por insetos.

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As folhas coletadas das árvores próximas aos postes eram mais duras e tinham menos evidências de mordidas. Com as Stypholobium, 2,3% das folhas nas áreas iluminadas estavam danificadas, em comparação com 5,3% nas áreas escuras. No caso da Fraxinus, são 2% perto dos postes contra 4,1% nas regiões não iluminadas.

Menos folhas sendo comidas pelos insetos significa menos energia rodando na cadeia alimentar, passando dos insetos para os pássaros e deles em diante. Isso poderia levar a um efeito cascata de redução de biodiversidade em Pequim.

Os pesquisadores afirmam que mais pesquisa sobre o tema seria ideal, já que ainda não dá para entender plenamente a relação entre a luz, a dureza e a ausência de dano provocado pelos insetos nessas folhas. Será que a iluminação deixa os insetos mais vulneráveis para predadores? Será que eles só não conseguem mastigar as folhas duras, ou elas ficam menos saborosas? A relação causal não é clara – por enquanto.

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Mais dano de insetos também não quer dizer, necessariamente, que a folha com menos buracos é pior de comer do que a outra. A folha mais danificada pode ser assim porque tem menos valor nutricional, e por isso os insetos precisam comer mais dela. Estudos futuros em ambientes controlados, com árvores que cresceram em ambientes iluminados de noite e outras não, podem ajudar a elucidar a questão.

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