Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Praga desenvolve resistência ao glifosato

Estudo aponta que planta daninha aprendeu a driblar esse agrotóxico.

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
22 dez 2023, 14h14

Quando o glifosato chegou ao mercado, na década de 1970, foi apresentado como um herbicida universal. Matava tudo, e por isso era usado só para limpar o terreno, eliminando as pragas, antes do plantio. Mas a Monsanto (criadora do produto) desenvolveu versões transgênicas da soja, do milho e do algodão, que são imunes ao glifosato – e aí ele começou a ser aplicado também durante o cultivo dessas plantas.

Virou o agrotóxico mais usado do mundo. Mas isso teve uma consequência: começaram a surgir pragas resistentes. Cientistas da Embrapa detectaram mais uma: o picão-preto, que ataca a soja – e, graças a uma mutação, criou resistência ao glifosato. Conversamos com o agrônomo Fernando Adegas, um dos autores da descoberta (1), para entender a razão.

Por que as pragas criaram resistência?

É um processo de seleção de plantas que já existiam na natureza. Com o uso contínuo do glifosato, nós fomos eliminando as plantas que eram sensíveis a ele. Isso ocorre com todos os herbicidas, infelizmente. 

A mutação do picão-preto foi consequência de uso incorreto do glifosato?

Continua após a publicidade

Não houve uma rotação de produtos [alternância do glifosato com outros], e por isso ocorreu essa seleção. A diversificação é fundamental na agricultura.

O picão-preto afeta a soja, cultura que mais utiliza o glifosato. Quais consequências a praga pode ter no Brasil?

O picão já está disseminado pelo país todo. Ele foi a primeira planta a se tornar resistente a outros herbicidas também. Essa população [variante resistente ao glifosato] foi encontrada numa lavoura de soja com milho, e pode afetar o algodão também. O potencial [da praga] é muito alto.

Se o agricultor detectar a nova praga, o que ele deve fazer?

Continua após a publicidade

A primeira coisa é tentar evitar que ela se espalhe. A disseminação provavelmente vai ser por máquinas agrícolas, [então] tem que fazer um sistema de contenção. Também deve utilizar produtos alternativos ao glifosato e adotar boas práticas agrícolas, com rotação de culturas.

A Europa tem debatido a proibição do glifosato, devido às possíveis consequências para a saúde. Na sua opinião, isso seria viável no Brasil?

É uma pergunta difícil. Mas eu não imagino a agricultura tropical sem o glifosato. Nossos sistemas de produção são mais intensivos, temos duas safras por ano, e uma variedade de plantas daninhas muito grande. O que a gente deve fazer é utilizar [o produto] com mais racionalidade, diversificar um pouco mais. 

Fonte 1. Novo caso de resistência de planta daninha ao glifosato no Brasil: picão-preto (Bidens subalternans). F Adegas e outros, 2023.

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.