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Primeira americana a andar no espaço alcança ponto mais profundo do oceano

Kathy Sullivan desceu 11 quilômetros até a Depressão Challenger, na Fossa das Marianas. Antes dela, apenas outras sete pessoas já haviam feito o mesmo.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 10 jun 2020, 17h12 - Publicado em 10 jun 2020, 17h07

Não satisfeita em conhecer apenas o espaço, Kathy Sullivan realizou no último domingo (7) uma viagem até o ponto mais profundo do oceano, se tornando não só a primeira mulher a realizar esse feito, mas a primeira pessoa a conhecer esses dois extremos. 

A missão organizada pela EYOS Expedições foi financiada por Victor L. Vescovo, americano aventureiro que pilotou a descida. Sullivan e Vescovo desceram cerca de 11 quilômetros até alcançarem a chamada Depressão Challenger. Para se ter uma ideia, essa é a distância em que os aviões comerciais voam em relação ao solo. A Challenger é o ponto mais profundo da superfície terrestre e fica na Fossa das Marianas, localizada no Pacífico. 

O processo durou quase dez horas: quatro para descer, quatro para subir e mais uma hora e meia em Challenger, aproveitando esse passeio nada convencional. Lá embaixo, os pesquisadores costumam recolher amostras e imagens que auxiliem no estudo geográfico, para tentar desvendar alguns mistérios do oceano. 

A pressão no local é extremamente alta, nada menos de 2,2 mil toneladas sob você. Além disso, não há sinal de luz, e a temperatura tende a ficar cada vez mais baixa. Mas os exploradores estavam seguros dentro do Limiting Factor, um submarino quadradinho projetado pela Triton Submarines. O veículo é revestido por nove centímetros de titânio, o que o torna bem resistente. Ele já foi usado em outras cinco missões, sendo o único submersível a já realizar viagens à Depressão Challenger mais de uma vez.

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Ao final da missão, Sullivan fez contato com Bob Behnken e Doug Hurley, astronautas que partiram a bordo da Crew Dragon no final de maio e estão agora na Estação Espacial Internacional, 225 quilômetros acima da Terra. A ideia era trocar notas e percepções sobre o visual dos dois extremos, além de compartilhar a conquista.

Astronauta mergulhadora

Caso você esteja se perguntando “o que uma astronauta fazia embaixo d’água, saiba que Kathy Sullivan é também oceanógrafa. Antes de se dedicar ao espaço, ela foi pioneira nas pesquisas utilizando submersíveis para estudar processos vulcânicos que formam os oceanos.

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Kathy ingressou na Nasa em 1978, para compor o primeiro grupo feminino de astronautas da agência e, em 11 de outubro de 1984, tornou-se a primeira americana a andar no espaço. Antes dela, a soviética Svetlana Savitskaya já havia viajado ao espaço em 1982 e caminhado nas alturas em 1984 (a primeira a realizar duas viagens). Valentina Tereshkova, também soviética, foi a primeira mulher a visitar o espaço, em 1963, mas deu apenas uma voltinha dentro da nave. O mesmo ocorreu com Sally Ride, a primeira americana numa viagem espacial, em 1983. 

Ao total, Kathy participou de três missões em ônibus espaciais. A primeira, em 1984, foi a bordo do ônibus Challenger, em que Kathy se tornou a primeira americana a participar da caminhada espacial. A segunda, em 1990, foi a missão de instalação do telescópio Hubble, em que os astronautas estavam a bordo do Discovery. Na última, em 1992, ela foi, finalmente, comandante de carga da missão, em um voo realizado com a nave Atlantis. 

Após sua saída da Nasa, Sullivan passou a comandar a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA. Hoje, aos 68 anos, está aposentada, mas isso não a impediu de aceitar o convite para se tornar a oitava pessoa a descer até a Depressão Challenger.

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Em entrevista à CNN, a astronauta descreveu as diferentes sensações que teve em suas aventuras: na viagem ao espaço, comentou que há muito mais energia envolvida, já que a sensação é de estar sentado em uma bomba prestes a ser lançado para fora do planeta. Já a ida ao fundo do mar é como um elevador mágico. “É muito, muito sereno. Você não está em um traje espacial desajeitado; basicamente você pode usar roupas comuns, se quiser”, disse. “É uma descida lenta, suave e constante”.

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