Primeira obturação da história tem 13 mil anos e é feita de asfalto
Os dentistas do final do Paleolítico usavam betume e ervas medicinais para preencher cáries dentárias, e o método era bastante avançado para a época
Prepare o estômago. Nem o instrumento metálico mais ameaçador de um dentista contemporâneo se compara às primeiras obturações da história, encontradas em dentes de 13 mil anos atrás em um sítio arqueológico de Riparo Fredian, no norte da Itália.
Uma equipe de arqueólogos e biólogos liderados por Gregorio Oxilia, da Universidade de Florença, encontrou dois dentes de um anônimo que viveu na virada do período Paleolítico para o Neolítico. Duas grandes cáries haviam sido preenchidas com uma mistura de betume – que você conhece como asfalto, usado na pavimentação de ruas – e ervas medicinais com propriedades analgésicas e antissépticas. Antes de selar as cavidades, porém, os dentistas pré-históricos usaram ferramentas de pedra delicadas para fazer uma perfuração que alcançou a polpa, a região central do dente que concentra as terminações nervosas, e limpar a região afetada. Tudo sem anestesia.
O procedimento sem dúvida foi doloroso, mas também muito avançado para os parâmetros do período. O asfalto, como as resinas aplicadas hoje, evita o acúmulo de restos de comida no orifício e devolve aos dentes sua eficiência. As ervas, além de aliviar a dor, evitam infecções.
No artigo científico, que está disponível aqui, os pesquisadores afirmam que as cáries só se tornariam um problema de saúde pública alguns milhares de anos depois, com a disseminação de plantações de trigo doméstico a partir do Crescente Fértil e o aumento do consumo de mel – o que torna a técnica aplicada no final do Paleolítico inovadora em comparação a seu contexto. Medo de dentista é, literalmente, coisa do passado.