A mais imaginosa teoria a respeito dos tão sonhados supercondutores capazes de transportar eletricidade sem perdas à temperatura ambiente foi anunciada numa recente reunião da Sociedade Americana de Física, na Califórnia – e não se pode dizer que não esteja à altura dos arcanos da Mecânica Quântica. Ken Lyons, pesquisador dos laboratórios de Bell, sugeriu que os materiais com propriedades supercondutoras talvez possuam estruturas atômicas contendo anyons (do inglês any, qualquer), estranhas pseudopartículas concebidas em 1982 que existiram somente em duas dimensões. A supercondutividade, por sinal, sempre ocorre num plano.
O mais importante é que os anyons podem formar inesperadas associações com as outras partículas do supercondutor. Ora, são exatamente associações desse tipo, apenas com elétrons, que explicam a supercondutividade tradicional, a baixas temperaturas. Agora, segundo Lyons, estaria nos exóticos anyons a esperança de que os supercondutores tenham afinal uma explicação teórica. Mas os cientistas são cautelosos. Diz o físico Adilson José as Silva, da Universidade de São Paulo: “Essa possibilidade é uma conjectura criada por uma série de coincidências”.