Réptil pré-histórico dava à luz como um mamífero – sem ovos
Um fóssil de protossauro fêmea encontrado na China tinha um filhote dentro de si — e ele não estava embalado para viagem
Répteis se originam a partir de ovos, certo? Bem, quase todos. Encontraram um fóssil de réptil fêmea da época dos dinossauros, e ela estava grávida quando morreu — exatamente como os mamíferos de hoje em dia.
A mãe em questão pertence à espécie Dinocephalosaurus. Eles não são classificados como dinossauros, mas como protossauros, uma outra categoria de répteis pré-históricos que pertence a um grupo chamado Archosauromorpha — hoje representado por animais como as tartarugas e crocodilos. Essa é a primeira vez que qualquer animal desse grupo, vivo ou extinto, se mostra capaz de dar à luz em vez de botar ovos, o que torna a descoberta fascinante para a biologia.
O esqueleto foi descoberto em 2008 no condado de Luoping, na província de Yunnan, na China. Ele habitou os mares do sudeste asiático no começo do período Triássico, há 245 milhões de anos, tinha o crânio semelhante ao de um lagarto contemporâneo e alcançava até 4 metros de comprimento.
Há três boa razões para acreditar que esse grandão aquático desistiu dos ovos e se tornou vivíparo. Por causa de sua anatomia — o Dinocephalosaurus lembra um pouco as descrições do monstro do lago Ness, na Escócia — ele não poderia sair da água com tanta facilidade para botar seus ovos na praia, tática adotada pela tartaruga, um de seus parentes atuais.
A possibilidade de que o ovo estivesse lá, mas que sua casca não tenha sido preservada com o resto dos ossos, também foi considerada. Mas os Archosauromorpha de hoje botam ovos com embriões ainda em estágios muito precoces de desenvolvimento, e o fóssil do filhote já estava bem avançado — sinal de que ele teria saído do corpo da mãe prontinho para viver na natureza.
O último argumento contrário ao da gravidez — o de que o esqueleto talvez pertencesse à última refeição da mãe, e não a seu filhote — pode ser derrubado tanto por suas características anatômicas, que batem com as do fóssil adulto, quanto por sua posição no interior do corpo do animal maior: ele estava com a cabeça apontando para a frente, e os répteis daquela época engoliam suas presas na direção oposta.