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Sinais inéditos podem indicar vida inteligente fora da Terra

Pulsos eletromagnéticos vindos da Grande Nuvem de Magalhães não correspondem a nenhum fenômeno natural conhecido

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 mar 2024, 14h27 - Publicado em 17 mar 2017, 19h51

A espécie humana não é nada discreta. Desde as primeiras transmissões radiofônicas da história, no final do século 19, cada notícia que corre o mundo na garupa de ondas eletromagnéticas também inicia uma viagem pelo espaço — e pode alcançar, claro, ouvidos alienígenas, que passarão a saber da existência de nossa minúscula civilização inteligente na periferia da Via Láctea.

O oposto também é verdade: é bem provável que qualquer grupo de ETs com algum grau de desenvolvimento tecnológico emita sua próprias ondas, que alcançariam eventualmente nossos olhos e ouvidos. Ficou com medo? Então aperte os cintos: há bons motivos para acreditar que isso acabou de acontecer.

Uma dupla de teóricos de Harvard analisou 17 pulsos eletromagnéticos muito, muito intensos e com milésimos de segundo de duração que alcançaram a Terra nos últimos dez anos. E descobriram que não há nenhum fenômeno natural conhecido capaz de produzir radiação com essas características. “Essas irrupções de rádio são muito intensas, principalmente considerando sua pequena duração e sua origem distante. Nós não conseguimos estabelecer com confiança uma fonte natural para elas”, afirmou o teórico Avi Loeb, um dos autores do artigo científico, à assessoria de Harvard. “Vale a pena considerar a possibilidade de que a origem seja artificial.”

Um dos pulsos que veio da direção da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da Via Láctea brilhou com a intensidade de 100 milhões de sóis. Bom, se a fonte for artificial mesmo, teria de vir de uma civilização muito mais avançada que a nossa – só assim ela teria teria condições técnicas de fazer uma emissão desse calibre. Segundo os cálculos Loeb e de seu parceiro Manasvi Lingam, seria necessário forrar a superfície de um planeta com o dobro do tamanho da Terra com painéis solares só para coletar a energia necessária para o feito. Depois, um sistema de resfriamento também do tamanho de dois planetas precisaria ser usado para evitar que o sobreaquecimento derretesse todo o equipamento. Nada disso é impossível do ponto de vista da física, mas a engenharia necessária é inimaginável.

É claro que ninguém em sã consciência faria uma estrutura desse tamanho para usá-la de lanterna. O mais provável, segundo Loeb, é que esses pulsos de radiação sejam usados para acelerar naves espaciais de até um milhão de toneladas a velocidades próximas à da luz. 

É o seguinte: um dos maiores problemas técnicos de uma viagem espacial de longa distância é que todo veículo precisa carregar seu próprio combustível. E são necessários muitos e muitos litros combustível para percorrer alguns anos-luz em uma velocidade razoável. Tantos, de fato, que o peso do tanque cheio acabaria impedindo essa nave espacial hipotética de sair do lugar. Não rola. A saída é deixar a fonte de energia da nave em seu planeta de origem, em forma de um canhão de radiação eletromagnética que a impulsione espaço adentro. Esse método de propulsão é o preferido do visionário e bilionário russo Yuri Milner, que prometeu usar a ideia (apoiada inclusive por Stephen Hawking) para enviar naves não-tripuladas ao planeta potencialmente habitável mais próximo da Terra, Proxima b

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Explicado o objetivo dos pulsos, resta saber porque eles duram tão pouco e aparecem com alguma frequência. Para isso os pesquisadores de Harvard também têm uma solução elegante: se esses sinais de rádio estão sendo gerados de um ponto fixo em outra galáxia, o movimento dela através do espaço em relação a nós teria o mesmo efeito de um giroflex de carro de polícia — que só nos ilumina em intervalos periódicos. Pense em um holofote gigante cortando os céus. 

Loeb e Lingam admitem que o trabalho é pura especulação. Mas não custa nada pôr a ideia em discussão. “A ciência não é uma questão de crenças, mas de evidências”, afirmaram os pesquisadores. “Mas decidir o que é ou não possível antes do tempo limita nossas possibilidades. Vale a pena disseminar novas ideias e deixar os dados julgarem se elas são verdadeiras.”

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