Alessandro Greco e Denise Barros
Não precisamos mais de uma bactéria solta na natureza para fazer um estrago. Atualmente já é possível criar uma delas em laboratório. A tecnologia, desenvolvida por cientistas do James Craig Venter Institute (JCVI), ainda é complexa e exige muito dinheiro, mas abre inúmeras possibilidades, inclusive de criação de espécies nocivas ao ser humano
A possibilidade de criar uma bactéria em laboratório assusta muito, mas talvez não seja necessária uma delas para criar problemas para a espécie humana. Em janeiro de 2011, pesquisadores relataram que uma cepa da Streptococcus pneumoniae, a velha e nada boa causadora da pneumonia, conseguiu trocar 75% dos seus genes nos últimos 27 anos, tornando-se basicamente imune aos antibióticos. A superbactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase, resistente a múltiplos antibióticos, entre eles a penicilina, tem feito vítimas pelo mundo, inclusive no Brasil. Conhecida popularmente como KPC, nome de uma enzima produzida por ela, a bactéria atinge principalmente pessoas com o sistema imunológico debilitado. Mas, segundo Artur Timmerman, infectologista do hospital Professor Edmundo Vasconcelos, em São Paulo, a chance de uma bactéria causar uma hecatombe na humanidade atualmente é próxima de zero.
Isso não impede um laboratório (ou a própria natureza) de criar uma nova bactéria contra a qual não haja remédio imediato. Se ela for muito letal e se espalhar muito depressa (algo nada díficil em um mundo interconectado por aviões), os humanos podem ter um problema dos grandes pela frente. Mas isso fica no campo das possibilidades.
O caminho da epidemia Incubando a KPC Em ambientes hospitalares, antibióticos potentes “geram” superbactérias. Nas UTIs, os doentes recebem muito antibiótico. As bactérias criam defesas contra esses remédios.
Como ela sai da UTI
Médicos sempre recomendam que visitantes de doentes lavem as mãos e tenham cuidado com a higiene. Nem sempre, no entanto, eles seguem suas próprias regras e acabam transportando as bactérias por ambientes que deveriam ser estéreis.
A propagação
Uma vez que a bactéria consiga sair da UTI, que teoricamente é um ambiente mais seguro, ela se locomove pelas dependências do hospital. Durante esse processo, contamina os pacientes que são mais propensos às doenças.
Fora dos hospitais
No momento, as pessoas estão mais seguras em relação a superbactérias como a KPC. O risco de ela sair dos ambientes hospitalares e fazer um estrago na raça humana é praticamente zero.
Ao longo dos anos, uma série de bactérias tem desenvolvido resistência à maioria dos antibióticos disponíveis, entre elas: Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter sp e Enterococos.