Rodrigo Rezende
É só ouvirmos a palavra “construção” que já vem à mente aquela cena dantesca: montanhas de tijolos, entulho e areia por todos os lados, com a trilha sonora de betoneiras e britadeiras ao fundo. Se você é desses que ficam com os olhos embotados de cimento e lágrima só de imaginar isso, saiba que os cientistas estão desenvolvendo um modo bem menos incômodo para erguer no patamar quatro paredes sólidas, como diria o músico Chico Buarque.
De que jeito? Simples: basta imprimir a casa. É exatamente o que Behrokh Khoshnevis, da Universidade do Sul da Califórnia, é capaz de fazer. Para isso, no lugar do cartucho de tinta, ele usa um suprimento de cimento, que é injetado em camadas sucessivas no local escolhido para a obra. Basta alimentar o robô com o projeto detalhado da casa, do mesmo modo que hoje você envia um documento para a impressora.
Até agora, o robô construiu apenas uma parede. Mas o plano de Khoshnevis para o ano que vem é bem mais ambicioso. “O objetivo é construir uma casa de 185 metros quadrados em um dia, sem usar mão-de-obra humana”, contou Khoshnevis.
E não é só por causa da rapidez que a invenção ameaça aposentar os pedreiros e mestres de obras. Além de reduzir o custo do metro quadrado de construção em até quatro ou cinco vezes, o robô faz casas no estilo de Gaudí e Niemeyer pelo mesmo preço das quadradonas tradicionais.
“Arquitetos do mundo inteiro estão empolgados. Ela vai tornar possível o uso de designs arquitetônicos com linhas exóticas e curvilíneas em casas populares”, diz.