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Supostos lagos subterrâneos de Marte podem ser de argila em vez de água

Depósitos minerais são a nova explicação – mais provável – para sinais detectados por um radar em 2018 no polo sul do Planeta Vermelho.

Por Luisa Costa
5 ago 2021, 19h47

Água é essencial para a vida aqui na Terra. Por isso, encontrar indícios do líquido em outro planeta é algo que costuma empolgar os cientistas. Em Marte, por exemplo, o gelo até que é abundante nos polos – mas procurar o dito-cujo em estado líquido nesse planeta tão frio e seco é uma tarefa ingrata.

Não faz muito tempo, pesquisadores ficaram intrigados – e ouriçados – com dados que pareciam indicar a existência de lagos subterrâneos no Planeta Vermelho. A novidade decepcionante é que, de acordo com um novo estudo, os tais lagos na verdade podem ser depósitos de argila marciana. 

Essa história começou em 2018, quando o MARSIS, um instrumento de radar a bordo da nave Mars Express da Agência Espacial Europeia (ESA), coletou informações compatíveis com a existência de água embaixo das calotas polares do hemisfério sul. 

O radar, posicionado em órbita, emite ondas eletromagnéticas na direção do planeta. Essas ondas batem na superfície e voltam. E as características da reflexão variam conforme o material atingido. 

Mais tarde, outros lagos subterrâneos foram detectados – e, caso fosem mesmo feitos de água líquida, esses reservatórios poderiam abrigar vida. Mas a história estava mal contada: uma quantidade de calor e sal que a geologia de Marte não tem condições de oferecer seriam necessários para formar e manter a água líquida nesses locais. (Ao menos de acordo com o que se sabe sobre o planeta até agora.)

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Pensando nisso, um novo estudo, conduzido por Isaac Smith, pesquisador da Universidade de York, no Canadá, sugere que argilas já conhecidas e presentes em abundância no sul de Marte podem explicar os sinais de radar.

“Há ceticismo sobre a interpretação do lago, mas ninguém ofereceu uma alternativa realmente plausível”, afirma Smith. “Portanto, é emocionante ser capaz de demonstrar que algo mais pode explicar as observações do radar e demonstrar que o material está presente onde deveria estar.”

A equipe estudou minerais conhecidos como esmectitas, um tipo de argila cuja composição química é mais próxima à de uma rocha vulcânica do que outras argilas. Esses minerais se formam quando rochas vulcânicas erodidas sofrem mudanças químicas ao interagirem com a água. Essa argila pode reter grandes quantidades de líquido.

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Os pesquisadores descobriram em laboratório que esmectitas carregadas de água podem gerar o tipo de reflexo detectado pelo MARSIS, mesmo quando junto de outros materiais. Para isso, eles resfriaram os minerais a uma temperatura de -43 °C – o tipo de frio encontrado nas regiões polares marcianas.

Os cientistas sugerem que as esmectitas se formaram no polo sul de Marte numa época mais quente, quando a área ainda era coberta por água. E, posteriormente, essas argilas carregadas de água teriam sido enterradas sob o gelo.

Ou seja: não vai ser dessa vez que Elon Musk vai vender mergulhos marcianos para os clientes da SpaceX. Quem visitar o Planeta Vermelho vai ter que se contentar em chupar gelo.

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