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Tartarugas macho desaparecem à medida que o clima esquenta

Nos últimos quatro anos, pesquisadores da Flórida só encontraram fêmeas na região. A tendência pode ser perigosa para a sobrevivência das espécies.

Por Luisa Costa
Atualizado em 11 ago 2022, 17h41 - Publicado em 11 ago 2022, 17h37

Muitas espécies de tartarugas não têm o sexo determinado por cromossomos X ou Y como nós, outros mamíferos e aves. O que define se um ovo dará origem a um bebê tartaruga macho ou fêmea é, na verdade, a temperatura ambiente.

Areias mais frias (a menos de 29°C) geram uma quantidade maior de machos; já ninhos mais quentes (acima dos 29 °C) geram mais tartarugas fêmeas. Em temperaturas intermediárias, a proporção é mais igualitária. Isso tudo é definido em um momento crítico do desenvolvimento do embrião: o segundo terço do período de incubação dos ovos.

Ou seja: temperaturas altas não são a praia dos machos – um sério problema em tempos de crise climática. Na Flórida, nos EUA, por exemplo, eles já não estão nascendo conforme o clima esquenta. A tendência é preocupante, afinal, pode empacar a reprodução do animal e reduzir populações.

Quem observou o fenômeno na Flórida foram pesquisadores do Turtle Hospital, um centro de resgate e reabilitação de tartarugas marinhas na cidade de Marathon, em funcionamento desde 1986. Nos últimos quatro anos, a equipe do lugar não encontra nenhum filhote macho por lá.

Esse período foi marcado por mudanças climáticas no estado americano, onde os últimos quatro verões bateram recordes sucessivos de temperatura. Bette Zirkelbach, gerente do Turtle Hospital, descreve o cenário como “assustador”.

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Não é um caso isolado. Um estudo publicado em 2018, por exemplo, analisou a situação das tartarugas na Grande Barreira de Corais da Austrália. A descoberta: ao norte da região, 99% das tartarugas juvenis eram fêmeas, e os cientistas estimaram que a feminização completa da população seria possível em um futuro próximo.

A Terra, você sabe, está ficando cada vez mais quente por causa do aquecimento global. Cientistas receiam que esse cenário cause o desaparecimento gradual dos machos – como foi previsto para a população australiana de tartarugas citada acima. Sem casais, não há reprodução, e a sobrevivência das espécies fica comprometida.

Não é uma questão simples. Pesquisadores afirmam que ainda não se sabe qual seria um bom equilíbrio entre indivíduos machos e fêmeas (um macho pode ser par reprodutivo de muitas mamães-tartaruga, então a relação não precisaria, teoricamente, ser de 50%/50%). De qualquer forma, encontrar populações de tartaruga (e de qualquer outra espécie) sob pressão nunca é uma boa notícia.

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