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Ter filhos deixa as mulheres mais inteligentes

O cérebro perde 7% de sua massa durante a gravidez. Mas logo que nasce o bebê, a massa cinzenta volta ao normal, e com um upgrade: mais conexões entre os neurônios.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 31 out 2016, 19h01 - Publicado em 8 jan 2016, 14h30

A gravidez quintuplica a esperteza delas. Um experimento da Universidade de Richmond mostrou que ratinhas de laboratório se tornam caçadoras exímias depois de dar cria. As que nunca tinham sido mães demoraram 270 segundos, em média, para caçar um grilo escondido num labirinto. As que já tinham parido seus ratinhos eram cinco vezes mais afiadas: encontravam o grilo em 50 segundos.

Outra experiência feita pelo mesmo grupo, liderado pelo psicólogo americano Craig Kinsley, mostrou que as mães roedoras são mais calmas que as donzelas: em situações de stress, elas mostravam menos atividade neuronal no sistema límbico – a área do cérebro que engatilha o medo e a ansiedade. Em suma, além de espertas, as ratas ficavam mais focadas depois de ter filhos.

Mas vamos ao que interessa: e nas mães humanas? O efeito é o mesmo? Vamos ver. As pesquisas até agora só haviam mostrado os efeitos negativos da gravidez sobre o cérebro. Décadas de pesquisas mostraram que grávidas têm a capacidade de cognição diminuída – elas experimentam mais falhas de memória, por exemplo. O motivo veio à luz em 1997, quando um estudo provou que o cérebro delas perde até 7% da massa enquanto há um bacorinho no útero sugando recursos da progenitora.

Essa pesquisa de 1997 também mostrou que o cérebro volta ao tamanho normal logo depois do parto. Mas agora veio a novidade. Os estudos de Kinsley e de outros pesquisadores com ratas sugerem que essa massa cinzenta regenerada surge com mais sinapses, mais conexões entre os neurônios do que antes. E que, sim, as mães humanas aparentemente experimentam tanto progresso cerebral quanto as mães roedoras.

Ainda não há testes conclusivos com fêmeas de homo sapiens, mas existem pistas. Outro estudo, da Universidade de Bristol, mostrou que mães são melhores em detectar emoções em rostos – têm um “sexto sentido”, digamos assim, mais apurado para saber se outra pessoa está demonstrando medo, alegria, raiva.

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Kinsley pretende fazer testes de cognição mais amplos com mães humanas, para tentar quantificar a melhora no cérebro delas com tanta precisão quanto conseguem medir nas ratas. De qualquer forma, o motivo de a massa cinzenta voltar com mais sinapses ainda é um mistério. Kinsley acredita que isso seja um efeito colateral positivo da ocitocina, o hormônio responsável, entre outras coisas, pela sensação de prazer que a mãe tem quando está com o bebê. De alguma forma, a ocitocina orquestraria esse milagre da multiplicação das sinapses.

Esse aumento pós-parto da inteligência nos mamíferos, seja como for, ilustra bem o trabalho de outro cientista: Charles Darwin. Enquanto as mães roedoras passam a caçar melhor para matar a fome de seus filhos, as mães humanas desenvolveram algo mais complexo ao longo da evolução. Se tornaram especialistas em decifrar as emoções de suas crias. E é isso. Num dia em que você estiver mal, e der vontade de ligar para a sua mãe, lembre-se: a ciência acaba de mostrar que é melhor você ligar mesmo.

 

 

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