Os geofísicos americanos Xiadong Song e Paul Richards, da Universidade de Colúmbia, descobriram que o coração da Terra gira mais rápido que o manto e a crosta do planeta. Mas como aparece essa diferença de velocidade? A chave do problema é que o chamado núcleo interno, uma esfera de ferro sólido de cerca de 20 000 quilômetros de circunferência, bóia na cápsula de metal derretido que constitui o núcleo externo. E, assim, feito uma gema de ovo, rodopia mais livremente. Já se sabia que o núcleo interno é atravessado por um eixo imaginário, que está inclinado 10 graus em relação ao eixo de rotação do planeta. O que os americanos viram agora é que, além dessa inclinação, ele muda de lugar à taxa de 1,1 grau por ano. Foi isso que denunciou a velocidade diferente do núcleo. Se ele caminhasse exatamente junto com o resto do planeta, seu eixo não mudaria de posição em relação ao outro. Entenda o que isso significa na prática: ao fim de 24 horas, quando a Terra tiver completado uma volta em torno de si mesmo, alguém que esteja sobre o equador terá voltado ao mesmo ponto. Mas o pedaço do núcleo que estava abaixo dos nossos pés está agora 55 metros à frente. Em um ano, a diferença sobe para 20 quilômetros.