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Molécula essencial à vida é encontrada pela primeira vez “solta” no espaço

Pesquisadores espanhóis identificaram moléculas de ácido carbônico em uma nuvem de gás a 100 mil anos-luz de distância da Terra.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 1 ago 2023, 17h14 - Publicado em 1 ago 2023, 17h13

Em Star Trek, o espaço pode realmente ser a fronteira final. Mas, no mundo real, ele é somente a porta para a descoberta seguinte. A porta que os cientistas vêm há anos tentando abrir é se existe vida fora da Terra. Ainda estamos longe de qualquer coisa do tipo, mas a recente descoberta de uma molécula flutuando no espaço pode ter dado uma nova pista para achar a maçaneta.

Pesquisadores do Centro Espanhol de Astrobiologia conseguiram identificar, em uma nuvem de gás, uma molécula de ácido carbônico (H2CO3), um componente essencial dos aminoácidos. Os aminoácidos são como um dos tijolos utilizados para construir as nossas proteínas (que basicamente compõem o organismo de todos os seres vivos). 

O ácido carbônico é responsável pela troca do dióxido de carbono (CO2) do sangue para os nossos pulmões, de modo que a gente expire e jogue o CO2 para fora. É esse mesmo gás que vai ser utilizado pelas plantas para fazer a fotossíntese, formando esse complexo (e delicado) balanço ecológico.

Os ácidos carboxílicos (família de compostos da qual o ácido carbônico faz parte), já haviam sido descobertos antes. A novidade é que os pesquisadores conseguiram finalmente identificar o ácido carbônico, especificamente. Ele emite um sinal um pouco mais fraco do seus parentes, e por isso é mais difícil de detectar.

Miguel Sanz-Novo, líder do estudo, explica que também é difícil encontrá-lo aqui na Terra. “A caracterização do ácido carbônico foi muito, muito difícil mesmo na Terra porque essa molécula se decompõe rapidamente em dióxido de carbono e água.”

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Nos lugares do universo que não têm água, o ácido consegue ficar um pouco mais firme. Eles encontraram essa molécula justamente em uma nuvem de gás, em uma região próxima ao centro da Via Láctea, a mais ou menos 100 mil anos luz de distância. Para isso, eles procuraram e analisaram a luz um determinado comprimento de onda, usando telescópios de dois observatórios na Espanha: um na cidade de Yebes e outro localizado na Sierra Nevada.

Para Sanz-Novo e seus colegas, essa descoberta pode nos ajudar a responder certas perguntas sobre a origem da vida na Terra (e, quem sabe, sobre a presença de vida no universo). Por enquanto, ainda temos mais perguntas do que respostas, mas algumas descobertas como essa podem finalmente ajudar os cientistas a não dar mais com a cara na porta. 

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