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Pela primeira vez, cientistas encontram molécula de carbono no espaço

Graças ao telescópio James Webb, o cátion metila (CH3+), pecinha vital para a formação de vida como a conhecemos, foi achado a 1.350 anos-luz de distância da Terra.

Por Leo Caparroz
27 jun 2023, 19h40

O telescópio espacial James Webb ataca novamente. Por meio do equipamento, uma equipe internacional de cientistas foi capaz de detectar uma molécula de carbono no espaço. A descoberta foi publicada no início de junho na revista Nature.

É a primeira vez que o cátion metila (CH3+) é encontrado fora da Terra. Trata-se de um composto essencial para a formação de moléculas mais complexas de carbono – a base para a vida orgânica como a conhecemos. O achado pode ajudar pesquisadores a entenderem mais sobre a formação da vida na Terra – e como ela poderia se desenvolver em outros planetas.

O CH3+ foi encontrado em um jovem sistema estelar na nebulosa de Órion, a 1.350 anos-luz de distância de nós – mais especificamente, no disco protoplanetário d203-506. Discos protoplanetários são punhados de materiais sólidos que orbitam em torno de um estrela. No futuro, esses sólidos irão se aglutinar a ponto de formar um protoplaneta (que, por sua vez, ficará cada vez mais denso até que possa ser chamado, enfim, de planeta).

A estrela do sistema é uma anã-vermelha (uma classe modesta, com no máximo 50% da massa do Sol). Mas a região também é bombardeada pela forte luz ultravioleta vinda de estrelas mais jovens, maiores e mais quentes nas proximidades. A radiação UV normalmente destrói moléculas orgânicas complexas – o que faz a descoberta de CH3+ ser ainda mais surpreendente.

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A hipótese dos cientistas é que a radiação também forneça a energia necessária para a formação da molécula. Uma vez completo, o cátion metila pode promover reações químicas adicionais para construir moléculas de carbono mais complexas. Ele reage bem com diversas moléculas, o que o torna uma peça central para a química orgânica no espaço.

A equipe também observou diferenças gerais nas moléculas encontradas em d203-506, que fogem do esperado em discos protoplanetários – como a falta de qualquer sinal de água, principalmente.

“Isso mostra claramente que a radiação ultravioleta pode mudar completamente a química de um disco protoplanetário. Na verdade, pode desempenhar um papel crítico nos primeiros estágios químicos das origens da vida”, afirma Olivier Berné, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica em Toulouse, principal autor do estudo.

Obrigado de novo, Jaiminho

As capacidades singulares do James Webb (Jaiminho, pros íntimos) o tornaram ideal para procurar por moléculas como o CH3+. O telescópio é 100 vezes mais potente que o seu antecessor, o Hubble. Graças ao enorme tamanho de seu espelho (25 m2, contra 4,5 m2 do Hubble), o Webb pode coletar mais luz – e, assim, produzir imagens mais detalhadas.

O Webb detecta um espectro da luz diferente do que nossos olhos podem ver. A luz que nós enxergamos tem comprimento entre 380 e 700 nanômetros (a milionésima parte de um milímetro). As mais compridas são vermelhas; as mais curtas, violetas. Fora desses limites estão as faixas ultravioleta e o infravermelho, que já não conseguimos enxergar.

O trunfo do James Webb é captar com maestria ondas infravermelhas. O motivo? A luz dos corpos celeste mais afastados chega nessa faixa. Depois de percorrer vários anos-luz até nós, a luz perde força e sai do espectro visível (caindo no infravermelho).

É por causa disso que um dos objetivos do James Webb é ser uma espécie de arqueólogo espacial: enxergar estrelas e galáxias  de bilhões de anos atrás para entender a formação do Universo. Para saber mais sobre como ele funciona, confira esta reportagem da Super.

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