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Universidade nos EUA guarda modelo 3D mais preciso da catedral de Notre-Dame

Acervo de um terabyte gera imagens que replicam cada mínimo detalhe da igreja gótica com precisão de 5 milímetros – e pode ser usado como "backup" para a reconstrução da catedral.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 17 abr 2019, 16h00 - Publicado em 17 abr 2019, 15h59

Uma semana antes do trágico incêndio que destruiu partes da catedral de Notre-Dame, em Paris, nesta segunda-feira (15), uma equipe de pesquisadores se reuniu na Vassar College, nos Estados Unidos, para arquitetar planos ousados. Foi uma grande coincidência: o foco desse projeto é justamente a majestosa igreja gótica construída entre os séculos 12 e 14. E o objetivo consiste em fazer o inventário de um terabyte de dados digitais sobre a estrutura.

Depois que o monumento pegou fogo, o material coletado entre 2011 e 2012  se tornou ainda mais valioso, pois pode ajudar no árduo processo de reconstrução. A ideia de catalogar cada mínimo detalhe da construção partiu de Andrew Tallon, professor de história da arte que ensinava arquitetura medieval em Vassar e era particularmente aficionado pela catedral de Notre-Dame. Tallon morreu em novembro do ano passado, aos 49 anos.

Posicionando um dispositivo laser em 50 ângulos diferentes, ele mediu a distância exata entre cada parede e pilar, cavidades, estátuas e tudo o mais que havia dentro da igreja. A tecnologia era tão sensível a ponto de captar imperfeições quase imperceptíveis na estrutura que resistiu aos séculos. O resultado da empreitada é inacreditável: foram documentados um bilhão de pontos capazes de gerar imagens de computador que reconstroem a catedral com uma precisão de 5 milímetros.

Segundo Lindsay Cook, uma antiga estudante de Tallon que hoje leciona em Vassar, o intuito do professor era “entrar na mente” dos construtores de Notre-Dame. “Ele estava interessado em usar dados de escaneamento a laser para encontrar pequenas rupturas na construção, lugares em que as coisas não estavam exatamente impecáveis ou intocadas, onde se podia ver a mão do trabalho de um único arquiteto ou pedreiro”, Cook disse à AFP.

A partir dessas medidas, algumas imagens já foram criadas para publicação em um livro de 2013 e para uma mostra exposta na própria catedral no ano seguinte. Mas o grosso dos dados permanece em estado bruto e binário, no formato de uns e zeros, armazenado em HDs externos na Vassar College.

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Gerar modelos digitais em 3D com esses dados seria especialmente útil para a reconstrução do telhado e do pináculo, que desabaram e eram muito difíceis de se medir.

“Se as autoridades quiserem usar o material, claro que vamos compartilhar”, afirma Cook. Os HDs teriam de ser entregues pessoalmente, já que o volume de dados é grande demais para ser enviado pela internet. “Caso o trabalho de Tallon possa de alguma maneira informar aqueles que serão encarregados com a tarefa assustadora de restaurar uma catedral à sua antiga glória, será um merecido memorial para um acadêmico maravilhoso que tanto devotou à Notre-Dame”, disse o reitor de Vassar, Jon Chenette, em comunicado.

Além da emblemática igreja parisiense consumida pelas chamas, outras catedrais góticas também foram modeladas a laser pelo projeto Mapping Gothic. Canterbury, na Inglaterra, bem como Beauvais, Chartres e a basílica de Saint-Denis, todas da França. Graças aos esforços de Tallon e sua equipe, essas monumentais estruturas religiosas e arquitetônicas do passado não estão à mercê do tempo: temos um backup para reconstruí-las, se preciso.

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