Uso de telas afeta o cérebro das crianças
Exposição crônica prejudica o desenvolvimento de quatro regiões, diz estudo.
Você já deve ter ouvido que não é bom para as crianças passar muito tempo diante de uma tela. Em 2019, a Organização Mundial da Saúde passou a recomendar (1) que os menores de 5 anos fiquem no máximo uma hora por dia – e que os bebês pequenos, com até um ano, tenham zero exposição.
Isso porque, ao longo das últimas décadas, vários estudos foram apontando uma relação entre o uso de mídias digitais na infância e menor desenvolvimento cognitivo. Mas só agora a ciência descobriu como isso acontece.
Pesquisadores da Universidade de Hong Kong analisaram 33 estudos clínicos, com mais de 30 mil crianças ao todo, e constataram (2) que o uso crônico de telas na infância prejudica a neuroplasticidade: a formação e reorganização de redes neurais que acontece dentro do cérebro conforme vamos crescendo e aprendendo.
Segundo o novo trabalho, a exposição a telas provoca alterações anatômicas no córtex pré-frontal (que é responsável pelo raciocínio), no lobo parietal (interpreta sinais táteis), no lobo temporal (relacionado a memória e linguagem) e no lobo occipital (que processa sinais visuais).
O estudo não estipula um limite seguro, em horas diárias, para o uso de mídias digitais pelas crianças.
Fontes 1. Guidelines on physical activity, sedentary behaviour and sleep for children under 5 years of age. OMS, 2019. 2. How Early Digital Experience Shapes Young Brains During 0-12 Years: A Scoping Review. H Li e outros, 2023.