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Vacas, peixes e lagostas têm GPS interno – baseado no campo magnético da Terra

Cientistas da Universidade de Pequim descobriram como o mecanismo funciona

Por Ana Luísa Fernandes
Atualizado em 4 nov 2016, 19h03 - Publicado em 30 nov 2015, 18h15

Animais como tartarugas, pássaros, borboletas e até vermes possuem senso de direção baseado no próprio planeta: eles têm a capacidade de sentir a direção e força do campo magnético terrestre. O mecanismo é fundamental para as migrações e grandes deslocamentos -só assim as tartarugas conseguem voltar sempre à praia em que nasceram, para desovar, sem se perderem no caminho. Mas essa história já é bem conhecida; a novidade é que finalmente os cientistas descobriram como esse sistema funciona.

passaros

Existem duas teorias estudadas por cientistas que explicam o GPS natural. A primeira envolve proteínas que se ligam ao ferro. Elas estariam presentes no cérebro dos animais, e se alinhariam com o campo magnético da Terra. A segunda envolve uma proteína de nome criptocromo, que é sensível à luz e foi ligada ao senso de direção das aves. O grande mérito da pesquisa chinesa foi mostrar que as duas teorias não se excluem: na verdade, elas se relacionam.

Os pesquisadores escanearam o genoma de uma mosca de fruta, procurando uma proteína que atende a condições muito específicas. Ela tinha que se ligar ao ferro, agir dentro da célula e não na membrana -já que os sensores magnéticos ficam no citoplasma-, atuar no cérebro e/ou olhos dos animais e, por último, interagir com o criptocromo. “Nós achamos um gene que se encaixa em todas as nossas previsões”, disse Can Xie, líder do estudo. Eles isolaram um complexo proteico -ou grupo de proteínas- chamado MagR, e descobriram que, além da interação com o criptocromo, o MagR responde ao campo magnético. No laboratório, a atração era tão forte que as partículas grudaram nos instrumentos dos pesquisadores que continham ferro.

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Aparentemente, o complexo forma a base do GPS dos animais. Mas o seu funcionamento exato ainda não foi descoberto. Uma possibilidade é que quando uma tartaruga muda de direção, por exemplo, as proteínas oscilem e apontem para o norte, como uma agulha de bússola. Esse movimento poderia desencadear um sinal, que seria mandado para o sistema nervoso, responsável pelas ações.

 

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