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Você compartilha um terço das bactérias orais com as pessoas de sua casa

E nem precisa ter uma relação afetiva com elas. Respirar o mesmo ar e comer a mesma comida já gera um ambiente propício para o desenvolvimento dos microrganismos.

Por Maria Clara Rossini
24 jan 2023, 15h50

Você não compartilha só a conta de luz e os afazeres domésticos com a pessoa com quem você mora. Um estudo feito pela Universidade de Trento, na Itália, mostrou que os indivíduos que vivem sob o mesmo teto têm 32% das bactérias da boca em comum entre si. Para efeito de comparação, duas pessoas escolhidas aleatoriamente dentro de uma mesma população só dividem 3% da microbiota oral.

Os pesquisadores analisaram os resultados de 31 estudos anteriores sobre o assunto. As pesquisas abarcam populações de 20 países diferentes, incluindo na Europa, Ásia, África e América do Norte e do Sul. No total, os estudos coletaram 10 mil amostras de fezes ou saliva de pessoas que moram na mesma casa. As amostras indicam se os colegas de casa eram parceiros, parentes ou amigos.

A equipe descobriu que essas pessoas compartilham mais bactérias da boca do que do intestino, por exemplo. Enquanto um terço das cepas de bactérias orais são comuns entre moradores, apenas 12% das bactérias intestinais são compartilhadas. As conclusões foram publicadas no periódico Nature.

Os pesquisadores já imaginavam que parceiros, por exemplo, teriam uma microbiota bucal semelhante devido a troca de saliva durante o beijo. O que chamou a atenção é que essa semelhança existe mesmo entre moradores que não mantêm contato íntimo – mostrando o alto potencial de disseminação dessas bactérias.

Há dois motivos para isso. O primeiro é que muitas bactérias da boca soltam esporos que sobrevivem no ar – daí basta estar no mesmo ambiente para a transmissão. O outro não tem a ver com as bactérias em si, mas com o ambiente propício ao desenvolvimento delas. É possível que as pessoas que moram na mesma casa comam os mesmos alimentos, fazendo com que certas cepas de bactérias prosperem mais facilmente.

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“A extensão da transmissão de microrganismos mostra sua relevância em estudos do microbioma humano, especialmente sobre doenças não-infecciosas associadas à microbiota”, escrevem no artigo.

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