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Alexandre Versignassi Por Alexandre Versignassi Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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A fanfic das estatísticas tortas

A palavra de 2016 que eu mais gostei foi “fanfic”. Claro que ela já existia desde o Pré-Cambriano para descrever histórias novas que se passam em universos consagrados da ficção – tipo você escrever uma história autobiográfica sobre a sua adolescência trocando a sua escola por Hogwarts. Fanfic. Mas o significado mais recente de “fanfic” […]

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Atualizado em 21 dez 2016, 08h49 - Publicado em 13 dez 2016, 12h27
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    A palavra de 2016 que eu mais gostei foi “fanfic”. Claro que ela já existia desde o Pré-Cambriano para descrever histórias novas que se passam em universos consagrados da ficção – tipo você escrever uma história autobiográfica sobre a sua adolescência trocando a sua escola por Hogwarts. Fanfic. Mas o significado mais recente de “fanfic” só se consolidou neste ano.

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    Fazer uma fanfic, no contexto novo, é contar uma história de não-ficção distorcendo a realidade com apelos emocionais – apelos geralmente embalados na forma de estatística, para ganharem tom de verdade absoluta.

    Um caso: vi ontem, no Estadão, a estatística de que os roubos de celular na Paulista subiram 82% aos domingos depois que fecharam a avenida pros carros.  Então a avenida ficou mais perigosa, certo? Não. Isso é fanfic, porque a circulação de pessoas também cresceu.

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    Mal dá para quantificar o crescimento, porque a avenida saltou de semi-deserta para lotada. Vamos supor que o aumento de circulação tenha sido pífio, que onde havia uma pessoa nos tempos de deserto hoje existam três. Só três. Dá 200%. Se for isso, o que temos de concreto é que o número de roubos de celular per capita caiu pela metade. Que a avenida cheia de gente é mais segura que a avenida vazia.

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    Ninguém precisa de mais do que bom senso para saber que uma rua cheia é mais segura que uma rua deserta – Batman e Charles Bronson que o digam. Mas, como a quantidade nominal de furtos aumenta numa rua cheia, fica a ilusão de que o lugar se tornou mais perigoso.

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    Trata-se de uma ilusão natural, porque a nossa mente não lida bem com estatísticas. Já distorcer a estatística para corroborar a ilusão é fanfic – ou “pós-verdade”, como têm dito lá fora.

    Ou “mentira” mesmo. Porque há muito de estúpido em criar termos herméticos para “ressignificar” o mundo. Chamar “mentira” de “pós-verdade” é um desses casos. Pura fanfic.

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