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Alexandre Versignassi Por Alexandre Versignassi Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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“Caixa 2” é eufemismo. O certo é “bateram sua carteira”

Doação de campanha é uma forma de desviar dinheiro público para empresas, enriquecendo políticos no processo. Entenda

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
13 abr 2017, 14h14
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  • Quase todos os políticos famosos o bastante para disputar cargos no Executivo têm patrimônio de empresário bem sucedido, mesmo sem jamais ter aberto uma empresa, ou sequer trabalhado com algo que não fosse política. Seus filhos costumam ser oficialmente milionários, já que são agraciados com toneladas de bens em seus nomes, geralmente fruto de “sobras de campanha” dos excelentíssimos papais.

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    Quanto um político recebe, em média, para fazer campanha? Em 2014, os partidos declararam que a eleição de cada um custaria, em média, R$ 6,4 milhões. Isso em dinheiro legalizado. Já ilegalmente, via Caixa 2, Caixa 3 e outras formas de suborno só dá para saber quanto o sujeito recebe quando você prende um empreiteiro e negocia uma delação premiada com ele, como aconteceu entre Marcelo Odebrecht e a polícia.

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    Até as eleições de 2014, empresas podiam doar até 2% dos seus rendimentos anuais. Acima daqueles 2% o que entrava ganhava o rótulo de “Caixa 2”. Se passasse daquilo que a própria empresa estipulou internamente como limite, Marcelo Odebrecht ensinou, é o “Caixa 3” – a empresa pede para outras empresas doarem com o CNPJ delas e depois paga. Agora, Agora as empresas não podem mais doar. Passou de zero reais, já é Caixa 2.

    Mas “Caixa 2” é um eufemismo, porque o termo deixa subentendido que a grana vai para um fim relativamente nobre: a campanha.

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    Mas espera um pouco. O cara da empreiteira paga R$ 5 milhões em “doação de campanha” e ganha de volta um contrato de R$ 50 milhões para fazer uma obra que custa 10. Você, o político, pega essa “doação” e compra uma mansão para servir de “base da campanha”. Finda a campanha, passa a mansão passa para o nome do seu filho. Pronto. Já pode dar festa que a casa é sua. De onde saiu o dinheiro da mansão? Da empreiteira? Não, porque a dita lucrou R$ 35 milhões neste exemplo. Ganhou mais do que se tivesse investido em tráfico de cocaína. O dinheiro saiu de nós, contribuintes, que bancamos a obra superfaturada com a obesa fatia que o governo cobra sobre os nossos salários, e sobre tudo o que compramos. Os impostos viraram a mansão do excelentíssimo.

    Dinheiro só tem um problema: é um recurso finito. Se bilhões e bilhões e bilhões são desviados como pagamento para as empreiteiras que sustentam nossos políticos e suas famílias de hábitos extravagantes, uma hora a fonte seca. É por isso que que você vai continuar trabalhando até ficar mais velho que o Mick Jagger.

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    Não douremos a pílula, então. O nome desse procedimento não é “caixa 2 de campanha”. É “suborno”. É “enriquecimento ilícito”. É “formação de quadrilha”, “assalto aos cofres públicos”, “crime organizado”. Todas transgressões bem tipificadas. Ao contrário de “caixa 2”, uma expressão que significa absolutamente nada diante dos danos que causa.

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