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Alexandre Versignassi

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Carta ao leitor: o sentido da vida

"A ciência não lida com o 'porquê' das coisas. Lida com o 'como'". Leia na Carta ao Leitor da SUPER de janeiro.

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Atualizado em 4 jan 2019, 18h17 - Publicado em 4 jan 2019, 16h03

Tinha 8 ou 9 anos quando bateu meu primeiro vazio existencial. Estava na janela do meu quarto, olhando as luzes dos prédios e o céu sem estrelas de São Paulo. E, numa piscada, o mundo acabou. Deixou de fazer sentido.

Tudo por causa de um pensamento daqueles difíceis de traduzir, já que pensamentos não chegam na forma de palavras. Traduzindo, porém, seria algo na linha: “O que eu tô fazendo aqui? O que é que tudo isso está fazendo aqui? Por que é que existe alguma coisa em vez de nada?

A resposta religiosa nunca me bastou, já que ela só empurra a questão existencial com a barriga. Aquela história: se Deus criou tudo, quem criou Deus? Ficamos na mesma.

A ciência também não tem uma resposta. Claro. Ela não lida com o “porquê” das coisas. Lida com o “como”. As observações e as teorias dos últimos cem anos moldaram um quadro coerente de como tudo isso passou a existir – um quadro cuja primeira pincelada é o Big Bang.

A física já mapeia bem o que pode ter acontecido a partir do 10-40 milésimo de segundo após o  Big Bang. O que ocorreu antes disso é completamente inescrutável.

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E o nascimento do Universo não é a única questão existencial sem resposta, claro. Existe outra, de magnitude parecida: a da origem da vida, a do momento em que alguma molécula inanimada subiu de patente, e se tornou uma coisa viva. Neste planeta, pelo menos, esse momento aconteceu num dia qualquer de 4 bilhões de anos atrás, quando a Terra ainda era um inferno: uma bola de pedra, lava fresca e água quente circundada por uma atmosfera de gases venenosos.

Essa molécula que deixou de ser um pedaço de pedra para se tornar o primeiro ser vivo, a  primeira coisa capaz de reproduzir, é o ancestral comum de todas as coisas vivas de hoje. Todas mesmo. Se você encontrar com uma barata, desça o chinelo nela, mas também pense por um momento: aquela  molécula do inferno é tatata(…)ravó de vocês dois.

Você e  ela são primos – de grau um zilhão, mas são. Se você tiver um furúnculo, mesma coisa. A civilização de Staphylococcus aureus lá dentro é toda formada por parentes seus – e meus, e de todas as coisas vivas que já existiram.

O surgimento  dessa molécula-mãe está para a biologia assim como o Big Bang está para a física.

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Com uma diferença: dá, sim, para investigar como ela nasceu – ainda que tenha sido um parto sem mãe nem pai.     

A matéria de capa da SUPER de janeiro é sobre a história dessa busca, e mostra os últimos avanços no esforço para entender como a vida surgiu. Obra do repórter Bruno Vaiano, um cara cujo  DNA profissional mistura na mesma medida o talento para a escrita e para a ciência. Algo raro neste planeta. 

Estudar a origem da primeira coisa viva, enfim, é a forma como a ciência pode contribuir  para a grande questão do sentido da vida. Ir além disso é com você.

Aproveite este início de ano, então, para refletir melhor sobre o que dá sentido para a sua. No meu caso, estar rodeado por colegas e leitores que também gostam de questões profundas é boa parte do que dá sentido para a minha.

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Feliz ano novo.

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