O pistol shrimp, conhecido em português como camarão-de-estalo (ambos são nomes genéricos para os camarões da família Alpheidae), é um bicho de 5 cm que paralisa – e chega a matar – suas presas à distância, por meio de uma onda de choque subaquática violenta. A onda é gerada por um movimento rápido de sua garra – que, vista por um leigo, lembra um bracinho do Sr. Siriguejo de Bob Esponja, sem nada de especial.
Por uma fração de segundo, o local do estalo chega a 4,7 mil °C. O que é “pouca” coisa abaixo da temperatura na superfície do Sol, que alcança desagradáveis 5,5 mil °C. O resultado são 218 dB – um som tão alto que nenhum ruído produzido cotidianamente pelo ser humano chega aos pés –, e a produção de uma quantidade razoável de calor e luz.
Até agora, tudo muito bacana e superlativo. Mas vamos entender o que realmente acontece. Esse “tiro” não é gerado diretamente pela colisão entre as duas metades da garra. Ele é o resultado do estouro de uma bolha produzida pela garra no momento em que ela fecha (sim, uma bolha de ar dentro da água; uma bolha perfeitamente comum, mas que se desloca a mais de 100 km/h).
No GIF abaixo é possível observar como, exatamente, a bolha se forma. Perceba que a parte superior da garra tem uma espécie de dente – que se encaixa com pouquíssima folga em um vão correspondente na metade inferior. É um mecanismo semelhante ao que faz com que o líquido escape rapidamente de uma seringa conforme pressionamos o êmbolo. Só que muito menor e mais rápido.
Os cientistas batizaram o fenômeno em que um som gera luz de sonoluminescência. Vamos explicá-lo rapidamente: quando a bolha implode, o impacto caótico entre as moléculas de gás em seu interior é tão forte que libera energia suficiente para que elétrons se desprendam dos átomos. Com isso, o gás se transforma em plasma – uma coleção de núcleos atômicos e elétrons livres –, e você vê um flash. Veja o camarão-sônico em ação: