“Fifa 22” não entrega a revolução gráfica que promete – mas ritmo de jogo cadenciado torna partidas mais realistas
Tecnologia Hypermotion, que usa inteligência artificial e 4.000 novas animações para melhorar os movimentos dos jogadores, é pouco visível na prática; ajuste na velocidade faz mais diferença
Tecnologia Hypermotion, que usa inteligência artificial e 4.000 novas animações para melhorar os movimentos dos jogadores, é pouco visível na prática; ajuste na velocidade faz mais diferença
Todo ano a Electronic Arts lança um novo game da série Fifa – e todo ano ela é acusada, às vezes com razão, de não mudar muita coisa (e simplesmente aproveitar o fato de que muita gente vai comprar a atualização para poder continuar jogando online, já que as pessoas vão migrando e os servidores da versão anterior esvaziam rapidamente). Mas, desta vez, foi diferente: Fifa 22 veio com a tecnologia Hypermotion, prometendo grandes avanços.
Ela é um conjunto de tecnologias, na verdade. Como a “Advanced 11 v. 11 Match Capture”, em que a EA capturou os movimentos de 22 jogadores enquanto eles disputavam partidas de futebol (antes isso era feito isoladamente, com um ou dois jogadores de cada vez, em estúdio), e rendeu 4.000 novos movimentos para o jogo. Ou a “ML-Flow”, que usa inteligência artificial para montar as animações em tempo real, de acordo com a velocidade, a posição da bola e o ângulo do corpo de cada jogador. A Hypermotion supostamente é tão avançada que só funciona no PlayStation 5 no Xbox Series X/S (exclui os consoles da geração anterior e até o PC, onde Fifa 22 vem sem ela).
Na prática, acaba não fazendo tanta diferença. As animações são melhores, e os atletas se movem de forma mais natural – mas é difícil perceber isso enquanto você está jogando. Os movimentos acabam parecendo iguais, e os gráficos também. A visão da câmera principal continua excelente, beirando o fotorrealismo, mas as tomadas de perto e replays continuam um pouco decepcionantes – ainda não deram o salto de qualidade visto no NBA 2K22, por exemplo.
A sequência de onboarding (que dura uns 15 minutos e é exibida quando você abre o jogo pela primeira vez) é superproduzida, com participação de David Beckham, Eric Cantona, Thierry Henry e Kylian Mbappé – e até uma ponta do piloto de F-1 Lewis Hamilton. Mas, infelizmente, o game não tem um “modo história” (como o excelente The Journey, em que você comandava o jogador Alex Hunter nas edições 17, 18 e 19 do jogo).
O modo online Fifa Ultimate Team (FUT) foi alterado, e ficou mais fácil se qualificar para a “weekend league” disputada aos finais de semana. Mas ele manteve sua ênfase exagerada em micropagamentos (com dinheiro de verdade), e os menus continuam complicados demais: navegar por esse modo, em que você vai comprando jogadores para melhorar o seu time, às vezes é quase tão difícil quanto pilotar um avião no Flight Simulator.
A principal novidade de Fifa 22 está no ritmo de jogo: a bola e os atletas correm um pouco menos. Isso não tira a fluidez das partidas (os jogadores não ficaram “pesados”, como já chegou a acontecer no passado), permite que a zaga se defenda melhor e também sofistica o ataque – pois valoriza um estilo de jogo mais elaborado, com mais passes. É uma alteração bem-vinda, na medida certa.
Fifa 22 não entrega a revolução gráfica que prometeu. Mas manteve suas qualidades e defeitos, com saldo bem positivo. Continua sendo, de longe, o melhor jogo de futebol do mercado – ainda mais agora que seu rival eFootball (antigo PES e Winning Eleven, desenvolvido pela produtora japonesa Konami) parece ter se autodestruído.