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Por Bruno Garattoni
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
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Reduzir o intervalo entre as doses da vacina é uma boa ideia?

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 ago 2021, 13h57 - Publicado em 25 ago 2021, 13h53

Diminuir de 12 para 8 semanas o intervalo da Pfizer e da AstraZeneca, como o Ministério da Saúde anunciou que irá fazer, tudo bem. Acelerar mais do que isso, para 3 ou 4 semanas, melhor não. Veja o que mostram os estudos sobre a antecipação da segunda dose.

O Ministério da Saúde anunciou, hoje, que irá aplicar uma terceira dose da vacina em pessoas acima de 70 anos e em indivíduos imunodeprimidos (com doenças que comprometem o sistema imunológico) a partir de 15 de setembro. A dose de reforço será da Pfizer. Considerando que a maioria dos idosos tomou Coronavac, cuja eficácia contra a variante Delta ainda é incerta, esse reforço é uma boa ideia – ele já foi recomendado por alguns estudos, incluindo um da USP, e está sendo aplicado no Chile e no Uruguai (onde a maioria da população foi vacinada com a Coronavac). 

A outra novidade é que o intervalo entre a primeira e a segunda dose das vacinas Pfizer e AstraZeneca, que hoje é de 12 semanas, será reduzido para 8 semanas. Pelo menos dez Estados do País já encurtaram o prazo anterior, com alguns chegando a cogitar a redução para 3 semanas. Em São Paulo, é possível se inscrever para a “xepa da vacina” e tentar receber a segunda dose dessas vacinas num intervalo bem menor, de apenas 4 semanas após a primeira dose.  

Quando as vacinas foram desenvolvidas, tanto a Pfizer quanto a AstraZeneca recomendavam um intervalo de 3 a 4 semanas entre a primeira e a segunda dose. Essa é a instrução que está nas bulas. No começo de janeiro, o Reino Unido decidiu estender o prazo para 12 semanas – e foi seguido por muitos países, inclusive o Brasil. Na época, não existiam dados sustentando essa mudança, que não havia sido testada. Foi uma aposta. 

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E deu certo. Estudos realizados nos meses seguintes constataram que, se o prazo fosse aumentado para 12 semanas, tanto a Pfizer quanto a AstraZeneca produziam maior resposta imunológica: a segunda dose da vacina gerava mais anticorpos neutralizantes. 

Isso acontece porque, com um intervalo maior, o corpo tem mais tempo para realizar a chamada “maturação de afinidade”, em que as células B do sistema imunológico aprendem a produzir anticorpos melhores. Os anticorpos passam por mutações aceleradíssimas, até 1 milhão de vezes mais rápidas do que as mutações no resto do organismo, até alcançar alta afinidade (bom encaixe) com o antígeno: o vírus. Esse processo leva tempo, e é por causa dele que as vacinas têm um intervalo entre doses (e não adiantaria tomar uma dose dobrada da vacina de uma vez, por exemplo).  

Dar mais tempo ao corpo também parece contribuir para a proteção imunológica de longo prazo. Um estudo da Universidade de Oxford, que avaliou a vacina Pfizer, constatou que o intervalo maior entre doses leva à maior produção de um determinado tipo de células T, que estão relacionadas à memória imunológica.

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Além dessas vantagens, o alongamento do prazo também ajudou bastante nas campanhas de imunização, pois permitiu que muito mais gente recebesse a primeira dose (já que o intervalo maior “liberou” vacinas que até então estavam reservadas para a segunda dose).  

Mas, agora, a segunda dose volta a ser antecipada, para tentar combater a variante Delta: as vacinas continuam protegendo contra Covid grave causada por ela, mas não são tão boas para impedir a transmissão do vírus – reduzem o contágio em apenas 40% a 60%, e bem menos quando a pessoa só tomou a primeira dose. Um estudo publicado pelo governo inglês, que testou diferentes prazos, concluiu que 8 semanas são o intervalo ideal para a vacina Pfizer. Esse é o ponto de equilíbrio, com um adiantamento que permite cobrir mais pessoas com a segunda dose e tentar desacelerar a variante Delta, mas ao mesmo tempo não sacrificar muita resposta imunológica (na comparação com o prazo de 12 semanas). 

Segundo esse mesmo estudo, somente casos específicos, como o de indivíduos imunodeprimidos, justificariam um intervalo menor do que 8 semanas. Para as demais pessoas, 8 semanas é o prazo ideal de intervalo com a vacina Pfizer. O trabalho não avaliou a vacina da AstraZeneca, mas o Reino Unido também reduziu o intervalo dela para 8 semanas. Isso dá alguma margem em relação a estudos anteriores, que apontaram menor eficácia da vacina se aplicada com intervalo de 6 semanas ou menos

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Oito semanas, portanto, é o intervalo mínimo ideal para as duas doses, de acordo com o que a ciência sabe hoje. Vacinar mais depressa do que isso, além de reduzir o efeito imediato da segunda dose, pode ter consequências mais à frente (em tese, poderia afetar a imunidade de longo prazo, embora ainda não existam estudos comprovando isso).

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