Assine SUPER por R$2,00/semana
Bruno Garattoni Por Bruno Garattoni Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
Continua após publicidade

Vírus corrige um gene no cérebro – e pode curar doença infantil rara

Novo tratamento reverte a deficiência de AADC, uma condição em que o cérebro não consegue produzir dopamina; vírus carrega um gene humano e é injetado diretamente no cérebro; aplicação deverá custar milhões de dólares

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 29 set 2022, 18h40 - Publicado em 29 set 2022, 17h07
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Novo tratamento reverte a deficiência de AADC, uma condição em que o corpo não consegue produzir dopamina; vírus carrega um gene humano e é injetado diretamente no cérebro; aplicação deverá custar milhões de dólares

    Publicidade

    A deficiência de AADC (descarboxilase de L-aminoácidos aromáticos) é uma doença genética rara, na qual o corpo não fabrica corretamente essa enzima – e, por causa disso, o cérebro não consegue produzir o neurotransmissor dopamina. As consequências são devastadoras: a criança não consegue andar, falar ou mesmo mexer a cabeça, tem dificuldades respiratórias. Na forma mais severa da doença, ela geralmente morre antes de completar 7 anos.

    Publicidade

    A doença, que afeta 1 em cada 32 mil bebês, é causada por mutações no gene DDC, que é o responsável pela produção da enzima. Não há cura. O tratamento consiste em tentar substituir parcialmente a dopamina (isso é feito usando os mesmos remédios usados contra o Parkinson, que também é causado pela falta de dopamina). 

    Mas um tratamento radical promete reverter a doença. Ele usa uma versão modificada do vírus adeno-associado 2 (AAV2), que foi acoplado a uma cópia “boa” do gene humano DDC. O vírus é introduzido diretamente no putâmen, uma região cerebral relacionada ao controle dos movimentos – o que requer a abertura de incisões no crânio. 

    Publicidade
    Continua após a publicidade
    fotografia
    Procedimento para injeção do vírus geneticamente modificado no putâmen, região cerebral relacionada ao controle dos movimentos. (European Medicines Agency/Reprodução)

    Usando uma cânula, o cirurgião faz quatro infusões, de 0,08 mL cada uma, da solução contendo o vírus. Ele infecta as células do putâmen, e transfere a elas o gene humano corrigido.

    Com isso, o cérebro se torna capaz de produzir a enzima AADC – e passa a fabricar dopamina, reduzindo ou eliminando os sintomas da doença. Segundo cientistas do National Taiwan University Hospital, que testaram o vírus em 30 crianças, elas se tornaram capazes de andar, falar e brincar normalmente

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    O efeito colateral mais frequente foi discinesia (movimentos involuntários), que afetou 85% dos pacientes. Em 90% dos casos, ela foi leve ou moderada e cessou após dois meses.

    O vírus modificado foi desenvolvido pela empresa americana PTC Therapeutics, que pretende comercializá-lo com o nome de Upstaza. Ele não é capaz de se replicar, não se reproduz no organismo (e não é contagioso). Mas seu efeito pode ser perene. Em um dos testes clínicos, que acompanhou oito crianças ao longo de cinco anos, todas se mantiveram livres da doença.

    Publicidade

    O produto foi aprovado pelas autoridades regulatórias da Europa em julho. Seu preço ainda não foi divulgado, mas deve ficar na casa dos milhões – no mesmo patamar de outros medicamentos genéticos ultra caros, como o Zolgensma (do laboratório Novartis), que cura a atrofia muscular espinhal e custa US$ 2,1 milhões, e o Zynteglo, da empresa americana Bluebird Bio, que trata a talassemia beta (falta de hemoglobina no sangue) e custa US$ 2,8 milhões. O fabricante do Upstaza pretende submetê-lo à FDA americana nos próximos meses.

    Continua após a publicidade
    Compartilhe essa matéria via:
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 12,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.