A depressão e a ansiedade podem se manifestar de muitas formas, e a ciência ainda está tentando entender isso melhor para permitir diagnósticos e tratamentos mais certeiros.
Um estudo recente da Universidade Stanford e publicado no periódico JAMA Psychiatry traz mais luz sobre isso. As autoras chegaram a cinco categorias de transtornos mentais associados à depressão e à ansiedade, cada uma atingindo áreas específicas do cérebro e definida por sintomas específicos. Apesar das diferenças, esses transtornos ainda costumam receber tratamentos iguais – o que, espera-se, deverá mudar.
“Nós estamos tentando desembaraçar a sobreposição de sintomas em nossos diagnósticos atuais, o que pode ajudar a finalmente orientar escolhas de tratamento sob medida”, escreveram as pesquisadoras.
São estes os transtornos identificados:
Tensão: é o tipo mais comum e se caracteriza pela irritabilidade. Neste caso, a ansiedade torna o sistema nervoso da pessoa hipersensível, o que a deixa excessivamente sensível e se sentindo sobrecarregada.
Impulso ansioso: o funcionamento cognitivo, como a capacidade de se concentrar e controlar os pensamentos, é prejudicado. A pessoa pode sentir que está “perdendo a cabeça” e ter a memória prejudicada. Os sintomas físicos incluem coração acelerado, sudorese e sensação de estresse.
Melancolia: caracterizada por problemas com o funcionamento social: a pessoa tem dificuldade para se relacionar – e o isolamento consequente também lhe provoca sofrimento.
Anedonia: o sintoma principal é a incapacidade de sentir prazer. Esse tipo de depressão muitas vezes passa batido, porque as pessoas geralmente são capazes de funcionar razoavelmente bem mesmo enquanto estão em alto estado de sofrimento. “As pessoas conseguem continuar funcionando, mas em algum momento ficam bastante entorpecidas. Essas são algumas das mais angustiadas”, diz Leanne Williams, uma das autoras do estudo e professora de psiquiatria e ciências comportamentais de Stanford.
Ansiedade geral: um tipo generalizado de ansiedade cujas características principais envolvem preocupação e excitação ansiosa. Trata-se de um tipo de estresse mais físico.
O estudo
As pesquisadoras coletaram e processaram dados de 420 voluntários com variados diagnósticos de ansiedade e depressão. Eles foram submetidos a uma série de testes envolvendo mapeamento cerebral, relato de sintomas e testes para diagnósticos psiquiátricos. Também foram avaliadas sua capacidade de realizar atividades cotidianas e de relacionar, bem como sua visão geral da vida.
Um algoritmo analisou, classificou e agrupou os dados e chegou aos cinco tipos de transtornos. Depois, os mesmos testes foram realizados com uma segunda amostra independente de 381 pessoas. O algoritmo chegou aos mesmos cinco tipos.
Do total, 19% dos participantes manifestaram tensão, 13% tinham excitação ansiosa, 9% ansiedade geral, 9% melancolia e 7% anedonia. E havia ainda aqueles que não manifestaram sintomas suficientes para serem classificados em nenhum dos cinco diagnósticos, mas que, por aproximação, se encaixavam no grupo dos que sofriam com tensão.
(Via Medical Xpress e Stanford)