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Mulher Cientista

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Pesquisadoras brasileiras contam sobre o seu trabalho e os desafios da carreira.

Laysa Peixoto pretende ser a primeira mulher brasileira a ir ao espaço

A mineira de 19 anos faz pesquisa em astrofísica, já ajudou a detectar um asteroide – e participou de um treinamento da Nasa para se tornar astronauta.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 6 set 2024, 10h25 - Publicado em 20 jul 2022, 15h41

Laysa estava correndo quando ouviu falar pela primeira vez do programa de treinamento de astronautas. Ela pausou imediatamente o podcast que tocava no fone, e começou a pesquisar mais sobre aquele que se tornaria seu principal objetivo nos anos seguintes.

Aos 16 anos, Laysa Peixoto estava no segundo ano do ensino médio. A mineira se interessava por astronomia desde criança (era fã de filmes de ficção científica e da série Cosmos, apresentada por Carl Sagan), mas considerava essa área de estudo muito distante da realidade. Depois que ficou sabendo do treinamento, a adolescente fez de tudo para se tornar elegível à vaga.

O primeiro passo foi participar das olimpíadas escolares: a Olimpíada Brasileira de Astronomia e a Olimpíada Brasileira de Satélites foram apenas algumas delas. 

Depois, veio a decisão pelo curso de física na graduação. Mas o que a colocou no caminho para se tornar astronauta foi a participação em projetos paralelos.

Um deles foi o Desbravadores do Universo. Junto de pesquisadoras e universitárias de diferentes partes do Brasil, ela ajudou a divulgar a história de astrônomas e mulheres cientistas. Laysa participou da transcrição dos cadernos de Annie Jump Cannon, Henrietta Leavitt e outras astrônomas que trabalharam no Observatório de Harvard entre os séculos 19 e 20. Qualquer um que se interesse pode se voluntariar a transcrever esses cadernos.

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Outro projeto aberto a voluntários é o de análise de imagens de telescópios, oferecido pela Nasa. Após aprender a como identificar corpos celestes, Laysa recebeu um pacote de fotos e analisou as imagens uma por uma, procurando qualquer sinal de movimentação no céu. Após meses de trabalho, a universitária descobriu o asteroide LPS0003 – a sigla são as iniciais de seu nome.

Já com um currículo e tanto, Laysa se candidatou para o processo seletivo de treinamento de astronautas da Nasa. Ela não só foi aceita como também foi a única estrangeira a participar do treinamento.

O treinamento durou apenas uma semana, mas Laysa garante que a rotina era intensa. As atividades iam das 7h30 da manhã até as 23h. As aulas teóricas variam de astronáutica à história da exploração espacial. A parte prática envolve preparação física e a simulação do trabalho em uma estação espacial.

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Em uma réplica da Estação Espacial Internacional (ISS), Laysa experimentou as funções desempenhadas em uma missão espacial de verdade. “Nós simulamos três missões. Um dos objetivos desse treinamento é fazer com que a gente sinta na pele a responsabilidade de uma missão, como se a gente estivesse se preparando para um dia ir ao espaço”, disse Laysa.

A brasileira fez experimentos na réplica da ISS e também participou da coordenação da missão como se estivesse na Terra. Mas, segundo ela, a atividade com a qual mais se identificou foi a de reparos extraveiculares – ou seja, fazer manutenções e consertos em satélites do lado de fora da estação, com o traje completo de astronauta.

E pode ser que a simulação se torne realidade no futuro. A astronauta Christina Koch, por exemplo, foi selecionada para participar da missão Ártemis – que pretende levar humanos à Lua em 2024 –, e passou por esse mesmo treinamento quando tinha a idade de Laysa.

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Aos 19 anos, Laysa está no segundo ano do curso de física na Universidade Federal de Minas Gerais, onde também faz pesquisas em astrofísica. Agora, ela tem uma lista de afazeres para chegar ao objetivo de se tornar astronauta e cientista da Nasa: aprender russo, se inscrever nos próximos programas de treinamento e, no futuro, participar dos processos seletivos para, enfim, ir ao espaço. 

Apenas dois brasileiros já foram ao espaço: o astronauta Marcos Pontes e o engenheiro Victor Correa Hespanha, que viajou como turista em um voo privado da Blue Origin. Laysa adoraria ter a honra de ser a primeira mulher brasileira a ir ao espaço, mas ficaria feliz de seguir os passos de outras astronautas. “O que mais importa para mim é fazer um bom trabalho representando o país como astronauta e cientista […] Se eu for a primeira vou ficar muito feliz, mas o meu objetivo é ir para o espaço, sendo a primeira ou não”, diz ela.

A universitária compartilha suas experiências e faz divulgação científica no perfil @astrolaysa, no Instagram. Ela fará uma palestra em São Paulo no dia 22 de novembro, no evento HSM+. Laysa irá participar do painel “Estrelas do novo tempo: as mulheres que estão revolucionando a astronomia”.

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