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Capitu traiu ou não traiu Bentinho em Dom Casmurro?

Talvez. E é isso que torna o livro genial.

Por Oráculo
Atualizado em 13 set 2019, 10h18 - Publicado em 31 mar 2014, 18h36
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  • Pode ter traído, como pode não ter traído – e esse é um dos aspectos mais geniais de “Dom Casmurro”.

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    É impossível decifrar o enigma construído por Machado de Assis, porque o livro traz apenas o ponto de vista de um personagem, Bentinho. É a tal história do “narrador pouco confiável”.

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    “Não é possível afirmar, por meio da investigação das marcas textuais no romance, que Capitu tenha ou não tenha traído Bentinho”, diz Andrea de Barros, doutora em Teoria e História Literária pela Unicamp. E o propósito do livro é justamente transmitir ao leitor a angústia da dúvida.

    Mesmo se levarmos a ferro e fogo a própria narrativa de Bentinho, temos um personagem que envelhece profundamente arrependido. Que se acredita traído – mas que, no fundo, não tem certeza se não era melhor ter simplesmente deixado a história pra lá.

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    Narrador à parte, o curioso é que a dúvida “traiu ou não traiu” é razoavelmente moderna. Desde que foi lançado, em 1899, até a década de 1960, Dom Casmurro foi entendido  pela crítica de forma simplista: como as memórias de um homem traído pelo amor de sua vida, Capitu, e pelo melhor amigo, Escobar.

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    Essa leitura acabou modificada com a ajuda da americana Helen Caldwell, que escreveu o livro O Otelo Brasileiro de Machado de Assis. “A partir da referência direta a Shakespeare e, especificamente, a Otelo, Caldwell leu Dom Casmurro como as memórias narradas por um homem ciumento”, diz Antônio Sanseverino, professor do Instituto de Letras da UFRGS.

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    A comparação com Otelo é justa: o ciúme levou Otelo a dar ouvidos a Iago e acreditar na traição de Desdêmona, que era inocente. “A partir dessa relação, pode-se ler o romance como a escrita de Bento, homem ciumento e cheio de imaginação, que vê, em seu filho Ezequiel, a imagem de Escobar”, diz Sanseverino.

    Dom Casmuro, enfim, é uma viagem pela mente perturbada de Bento, pela forma como o protagonista percebe a realidade. Pode tudo ser uma ilusão? Pode. Seja na vida de Bento, seja na sua. Essa é mensagem de Machado. E é isso que faz de Dom Casmurro uma jóia da literatura universal.

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    A pergunta original foi de Eduarda Souto, Governador Valadares, MG.

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