Como Freud adotou o divã em suas sessões de terapia?
Spoiler: não foi ideia dele. Mas o pai da psicanálise adorou o móvel.
O uso desse tipo de sofá sem encosto, tão emblemático da psicanálise, não nasceu da mente de Sigmund Freud. Uma paciente dele, madame Benvenisti, deu-lhe o móvel de presente em Viena. Mas pensando nela mesma. Disse que, se era para ter sua cabeça analisada, precisava estar numa posição confortável.
A peça era modesta, de cor bege, e por isso Freud decidiu cobri-la com tapetes persas e almofadas de veludo. Mas, em pouco tempo, o austríaco concluiu que o divã era essencial para suas sessões.
Deitado de costas para o analista, sem olhar para as expressões de Freud, o paciente ficava mais relaxado. Isso o deixava à vontade e evitava que se sentisse julgado ao falar sobre tudo o que lhe viesse à mente. E é justamente nessa fala sem amarras, chamada pela psicanálise de “associação livre”, que está a matéria-prima das reflexões e direcionamentos do analista.
Freud acabou dizendo que a aceitação do paciente em se deitar no divã representava sua entrega ao processo analítico; a permissão, ainda que inconsciente, para que a sessão tocasse em seus pontos mais sensíveis: traumas, complexos, fobias…
O divã original existe ainda: está em exposição em Londres, no Museu Freud. A instituição fica na última casa em que o homem do charuto viveu, depois que deixou Viena em 1938 (um ano antes de sua morte por câncer na boca) para escapar do antissemitismo brutal dos nazistas.
Freud sem traumas
Fonte: livro “Freud Sem Traumas”, de Alexandre Carvalho.