Pode ser de uma agência de atores especializada em crianças. Pode ser de uma fábrica de bonecos. Depende de como os fofuchos vão ser usados. A não ser que seja necessário um take próximo do neném, que mostre detalhes de seu rosto ou coisa do tipo, o mais normal é optar por bonecos para “interpretar” os recém-nascidos. E não é qualquer Baby Alive que você vê numa loja de brinquedos: existem profissionais especializados em criar bonecos realistas que vão aparecer em cena. Uma terceira opção é recorrer à computação gráfica (CGI) para criá-los digitalmente. Foi assim com os bebês bizarros do último capítulo da novela Travessia e com o icônico neném de Crepúsculo.
Mas, claro, bebês reais também participam das gravações. No Brasil, embora, por lei, menores de 14 anos não possam trabalhar, a participação dos atores bebês pode ser liberada desde que os pais consigam uma autorização do Juizado da Infância e Juventude (antigo Juizado de Menores). Tendo esse documento, a criança pode ser filiada a uma agência mediante um contrato assinado por seus pais e, então, receber convites para aparecer em novelas, filmes e peças publicitárias. Por aqui, só bebês com mais de dois meses podem aparecer em cena.
Nos EUA, não há essa restrição. Bebês recém-nascidos podem encarar o “luz, câmera e ação!”. Isso não quer dizer que cumpram a mesma carga horária dos demais atores. Na Califórnia, bebês com menos de 6 meses não podem passar mais de 20 minutos por dia gravando. Se tiver de 6 meses a 2 anos, a permissão se estende para duas horas.
E a exigência aumenta para bebês com menos de um mês: a atuação depende que um pediatra confirme que eles tenham passado por uma gravidez completa, tiveram peso normal ao nascer e são fisicamente capazes de suportar o estresse potencial de uma filmagem. Mesmo nos tais 20 minutos.
Falando em staff da pequena estrela: dentro do set, além da obrigatoriedade da presença dos pais, deve haver um supervisor e tutor. Ele é responsável por garantir a saúde e a segurança dos pequenos. Também deve sempre estar de olho nas condições do ambiente, em sinais de fadiga mental e física do neném e nas demandas colocadas sobre ele. O tutor pode, a qualquer momento, barrar a participação da criança na filmagem e tirá-la de lá se achar que há algum risco. Para bebês de até 6 meses, ainda é obrigatório um profissional de enfermagem no local.
Fonte: Dorberto Carvalho, presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos e Diversões do Estado de São Paulo (SATED-SP).