É possível aproveitar a energia elétrica dos raios?
Levando em conta o rendimento energético, é melhor se contentar com a energia solar.
Não. Ainda não existe um equipamento capaz de captar e armazenar a energia de raios. Mesmo que tal equipamento fosse possível, porém, ele teria um custo-benefício péssimo.
A energia fornecida por um raio equivale a, em média, 300 KWh. É pouco — equivale ao consumo mensal de uma pequena casa brasileira. Existem raios mais energéticos, é claro, mas mesmo tais irritadinhos não são bons candidatos, porque dificilmente um equipamento conseguiria capturar toda sua energia sem dissipá-la parcialmente.
Alguns cálculos estimam que, se toda a energia de todos raios do mundo fosse coletada integralmente, o resultado só abasteceria a humanidade por pouco mais de uma semana.
Sem falar que a maioria das descargas elétricas sequer chega ao chão. Elas ficam escondidas no meio das nuvens durante as tempestades (são os chamados relâmpagos intranuvem ou relâmpagos nuvem-nuvem). E os 30% que de fato conectam o céu e o solo são bem espalhados pela Terra. Dificilmente um único ponto recebe mais de 20 raios por ano, por exemplo.
Se algum bilionário meio amalucado decidisse investir no negócio de captação de energia de raios sem se preocupar com o prejuízo certo, precisaria investir pesado em infraestrutura.
Seriam necessárias torres muito altas, distribuídas a distâncias não muito grandes entre si. Esses equipamentos teriam que agir muito rapidamente — um raio dura menos que a metade de um segundo, e cada descarga que o compõe dura apenas frações de milésimo de segundo. Captar, transferir e armazenar toda a energia de um raio nesse tempo minúsculo é muito difícil para a tecnologia atual. Os condutores, por exemplo, teriam que ser extremamente resistentes a altas temperaturas, ou eles simplesmente derreteriam no processo.
Nós, brasileiros, provavelmente sairíamos na frente. O País é campeão mundial em incidência de raios: 77,8 milhões por ano.
Fontes: Dr. Osmar Pinto Junior, Coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Universidade da Flórida.
Pergunta de @brunomarini, via Instagram