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O que é o escuro? Ele tem uma velocidade como a luz?

Vai com calma: a física não é tão gótica assim.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 jul 2021, 10h20 - Publicado em 14 jul 2021, 11h00

O escuro não é uma coisa. Ele é só a ausência de luz. Portanto, na letra fria das leis da física, não pode ter uma velocidade.

A luz é composta por partículas chamadas fótons. E o preto é o jeito que o seu cérebro deu de avisar que um objeto não está emitindo nem refletindo fótons.

A velocidade da luz, diga-se, é uma coisa traiçoeira. Se dois ciclistas pedalam à mesma velocidade, as duas bicicletas ficam paradas uma em relação à outra e eles podem até conversar. Com a luz, não tem conversa: a velocidade dos fótons é sempre 300 mil km/s, não importa o quão rápido você esteja em relação a eles. É impossível emparelhar com a luz. Essa invariância, descoberta por Albert Einstein, é contraintuitiva, mas é fundamental para as equações da Relatividade. A luz, no vácuo, é o limite de velocidade do Universo.

Internet afora, há a descrição de um experimento imaginário em que a velocidade do escuro supostamente superaria a da luz.

Imagine que você é um astronauta flutuando no vácuo do espaço com um imenso holofote, de potência tão alta quanto se possa desejar. Então, você aponta o holofote para Júpiter – de uma distância suficientemente grande para que o cone de luz abranja toda a circunferência do planeta. Legal: agora Júpiter é uma imensa tela para teatro de sombras. Se você colocar a mão na frente do holofote e der um dedo do meio, projetará a maior e mais chula sombra da história do cosmos. 

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Palhaçadas à parte, a questão é que, ao mover a mão rapidamente na frente do holofote, a sombra dela vai percorrer o diâmetro de Júpiter em uma fração de segundo. Divida o tamanho do planeta por essa fração e você descobrirá que a velocidade da sombra projetada supera facilmente a velocidade da luz.

Lindo, certo? Pena que está errado.

A sombra é uma projeção bidimensional, mas ao analisar a cena em três dimensões, é fácil verificar que na verdade a porção escura projetada pela sua mão demora para alcançar o planeta – e que, portanto, nada no estranho experimento supera a velocidade da luz. O vídeo abaixo ilustra bem a explicação:

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Pergunta de @izabela_cristine_, via Instagram.

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