Os votos de deputados que não foram eleitos acabam redirecionados para seus partidos de alguma forma?
Na hora de votar, é melhor não pensar só no indivíduo.
De certa forma, sim.
No Brasil, a eleição de deputados e vereadores segue um sistema denominado proporcional. A ideia é que a quantidade de assentos ocupados na casa legislativa por um partido ou federação (uma aliança prévia de partidos) seja mais ou menos proporcional à porcentagem de votos que a legenda recebeu. Ou seja, se um partido recebeu 15% dos votos, terá algo próximo de 15% do total de deputados eleitos. Justo.
Para explicar esse sistema, vamos imaginar uma situação simples: uma cidade com 200 mil eleitores e doze cadeiras de vereador. Apesar de votar só uma vez, cada eleitor dará, na prática, dois votos: qual partido ele quer (os dois primeiros dígitos) e quem daquele partido ele gostaria que ocupasse a vaga (os três últimos dígitos). Tanto é que você pode digitar só os dois primeiros dígitos e votar em um partido sem escolher um vereador, o chamado “voto na legenda”.
Legal. Agora suponha que existam quatro partidos. Cada um ganhou 50 mil votos. Isso significa que cada um terá direito a três das doze cadeiras. Elas serão ocupadas pelos três mais votados de cada partido. Mesmo que só um vereador tenha recebido uma votação relevante, os outros dois serão “puxados” por ele e ganharão os cargos. Afinal, o numero de deputados pertence aos partidos.
Ou seja: se você votou em alguém que não foi eleito, pelo menos você deu uma mãozinha para o partido. Portanto, não pense tanto em indivíduos. Considere o conjunto da obra.
Alguns países, como Portugal e Espanha, usam sistemas proporcionais chamados de lista fechada: os eleitores votam apenas em partidos, e o numero de cadeiras de cada um deles também é proporcional à porcentagem de votos que a legenda escolheu. Mas, nesse caso, o próprio partido escolhe qual político ocupará a vaga conquistada.
Pergunta de @renanhedonista, via Instagram
Fontes: TSE; Câmara dos Deputados