Por que a voz fica tremida quando falamos na frente do ventilador?
Entenda essa vibração robótica – sem piadinhas com o sintetizador do Stephen Hawking.
Para entender, é bom começar do começo: o que é o som?
Com exceção dos três gatos pingados que estão na Estação Espacial neste exato momento, todo ser humano que existe está mergulhado na atmosfera da Terra, um coquetel de gases cuja receita são quatro xícaras de nitrogênio para cada xícara de oxigênio. Assim, é fácil esquecer que o som é apenas movimento – um tipo particular de movimento das moléculas que compõem o ar, que naturalmente não é possível onde não há ar (é por isso que as batalhas de Star Wars, na vida real, seriam mudas).
Explicando: um alto falante funciona indo para frente e para trás. Quando ele vai para frente, ele naturalmente empurra as moléculas de ar que estão em sua frente. Isso cria uma faixa de ar onde as moléculas ficam mais concentradas – uma zona de alta pressão. Quando o falante volta, acontece o oposto: ele cria uma zona de baixa pressão, onde há muito espaço para poucas moléculas. Essa alternância cíclica entre zonas de alta e baixa pressão chega aos seus ouvidos e faz os tímpanos se moverem em resposta. Esses ciclos de compressão e descompressão são as ondas sonoras.
O ventilador consiste em hélices com espaços entre si. Quando suas ondas batem na hélice, elas voltam para você. Já quando alcançam um espaço vazio, vazam para o outro lado. Essa rápida alternância entre ouvir ou não a sua voz refletida é parcialmente responsável pela distorção.
Outra questão é que há um pouquinho de efeito Doppler em jogo: as ondas sonoras que saem da sua boca estão tentando nadar contra uma corrente de ar gerada pelo ventilador que vai direção oposta, em direção à sua boca. Isso torna a velocidade do som menor na ida. Na volta, ocorre o oposto: as ondas refletidas pegam carona no ventilador e chegam mais rápido.