Por que alguns países usam artigo masculino, outros feminino e alguns não têm gênero (como Portugal)?
Os neutros são poucos. Entenda a origem dessa classificação.
Não há uma regra ou explicação específica. De modo geral, países que terminam com “a” sem acento costumam ser tratados no feminino: a Alemanha, a Inglaterra, a Argentina, a Croácia… Mas há exceções, como o Sri Lanka e o Quênia.
A maior parte do restante – incluindo terminados em “a” acentuado – são masculinos: o Brasil, o Congo, o Canadá, o Vietnã, o Timor-Leste… Já os neutros são poucos: Portugal, Madagascar, Israel, Angola, Cuba e Marrocos, por exemplo.
Por que? Bem, é arbitrário – e não só com países ou cidades, diga-se. Não há nada que indique que “parede” é algo femino e “abajur” é algo másculo, mas convencionou-se assim. A arte de atribuir gênero a todos substantivos é fruto de uma evolução curiosa das línguas. No protoindo-europeu – uma língua hipotética que existiu há milênio e deu origem às línguas latinas, germânicas, eslavas e ao grego – só havia dois gêneros: inanimado, para coisas, objetos e elementos da natureza, e animado, para humanos e animais. Faz todo o sentido.
Com o tempo, porém, as coisas foram se complicando. O gênero animado passou a ser associado com o masculino, enquanto o inanimado se tornou neutro. O feminino surgiu depois, ligado a palavras usadas para se referir a plurais ou coletividades. Mais tarde, no latim, os três gêneros persistiram: masculino, feminino e neutro.
No português, porém, o neutro foi absorvido pelos outros dois, principalmente pelo masculino. É possível que os países que não são acompanhados por artigo hoje sejam um resquício do gênero neutro, ainda que para serem caracterizados, os adjetivos concordam com um dos sexos (“Madagascar é lindo”).
Isso não ocorreu só no português. E prova da arbitrariedade do processo é que línguas distintas discordam sobre o gênero de países. Em francês, por exemplo, Portugal é menino; em russo, menina; no português, nenhum dos dois.
Pergunta de @fernanda1sa, via Instagram.