Se os cactos não têm folhas, onde fazem fotossíntese?
No corpinho verde e roliço. Mas a parte legal é que eles só absorvem gás carbônico à noite (embora façam fotossíntese à luz do dia). Entenda por quê.
No próprio corpo do cacto. Note que essas plantas têm um caule verde e roliço – e não um tronco marrom e lenhoso, como o das árvores. Ele é verde por causa da clorofila. E é nele que ficam os estômatos.
Estômatos são válvulas invisíveis a olho nu que se abrem para permitir a entrada de dióxido de carbono (CO2) – o gás que os vegetais usam de matéria-prima para fabricar seu próprio açúcar por meio da fotossíntese.
Em plantas comuns, a superfície das folhas contêm até 20 mil estômatos por centímetro quadrado (cm²).
O problema é que, quando estão abertos, eles não deixam só o gás entrar: também deixam a água sair. Muita água. Estômatos abertos são responsáveis por 95% da evaporação das plantas.
Na Amazônia, em que há chuva para dar e vender, isso não é um problema. No deserto, porém, estômatos abertos durante o dia são sinônimo de ressecar até a morte.
Por isso, as xerófitas (nome técnico das plantas que sobrevivem a climas áridos) adotam uma estratégia diferente: abrem seus estômatos só durante à noite, quando esfria e a desidratação cai para um patamar seguro.
“Mas Oráculo, à noite não tem sol, como elas fazem fotossíntese?” Guardando para depois.
Por meio de um processo chamado metabolismo ácido das crassuláceas – que evoluiu por seleção natural em resposta às condições severas do deserto –, os cactos armazenam CO2 na forma de um ácido. Depois, com o raiar do dia, dá-se início à fotossíntese.
Por fim, um adendo espinhoso: os cactos têm folhas sim. Mas a seleção natural as transformou em espinhos. Essa transição aconteceu, entre outros motivos, porque eles evitam que animais com sede mordam o caule suculento da planta para pegar a água armazenada lá dentro.
Fonte: livro-texto Biologia de Campbell, 10ª edição; Online Etymology Dictionary; relatório “Algorithms in modern mathematics and computer science” de Donald E. Knuth.
Pergunta de Gustavo Mano, via e-mail.