Fogão portátil e sustentável, movido a biomassa, leva saúde e economia para famílias da África
Para muitos de nós, que estamos agora na frente de um computador ou usando algumas das mais avançadas tecnologias móveis, pode ser muito difícil imaginar que neste mesmo momento, 3 bilhões de pessoas ao redor do planeta ainda precisam cozinhar seus alimentos em fogareiros rústicos, quase iguais aqueles utilizados na Idade Medieval.
A fumaça gerada por estes fogareiros é extremamente tóxica, conhecida como carbono negro. A Organização Mundial de Saúde estima que ela seja responsável pela morte de 4 milhões de pessoas anualmente. Ao inalar continuamente esta fumaça, elas acabam sofrendo com problemas respiratórios, pneumonia, doenças pulmonares e catarata.
Mas o projeto African Clean Energy* quer mudar esta triste história. Numa fábrica em Lesoto, país extremamente pobre no sul da África, Stephen e Alice Walker – marido e mulher, criaram um negócio para impactar a vida de milhares de pessoas.
A empresa familiar desenvolveu o ACE 1, um fogão portátil movido a biomassa (combustível limpo) e o mais importante de tudo, que não produz fumaça. Mas que biomassa seria essa? Podem ser restos de madeira, esterco de animais, palha de milho ou mesmo aglomerados de madeira e briquetes, feitos a partir de sobras de materiais, como serragem, resíduos florestais ou agrícolas.
Movido a biomassa, o fogão tem ainda conector DC e porta USB
Além de necessitar de aproximadamente 70% menos combustível para funcionar do que fogões portáteis tradicionais, o ACE 1 foi projetado internamente com telhas cerâmicas, o que retem o calor por muito mais tempo.
A ideia do African Clean Energia é que este seja um negócio social e sustentável. Na cidade de Maseru, no Lesoto, os Walker trabalham ao lado de 60 funcionários, moradores da região. Eles têm orgulho de fabricar um produto africano. Com isso, movimentam a economia local e querem estimular a produção de biomassa – criando uma nova fonte de renda para a população.
O ACE 1 é produzido na fábrica de Maseru, em Lesoto
Nas casas onde ainda se usam fogareiros, 25% do orçamento familiar é gasto com a compra de combustível. “Com a economia gerada pelo uso do ACE 1, as crianças podem ir para a escola e as mulheres conseguem trabalhar”, diz Ruben Walker, diretor comercial do African Clean Energy.
Na base do pequeno fogão há também um conector DC e porta USB, que com energia solar, transformam o equipamento em uma fonte adicional de energia – uma comodidade incrível para muitas famílias que não possuem acesso à eletricidade.
Vantagens e economias geradas pelo fogão portátil africano
Desde 2011, quando o projeto foi iniciado, dezenas de fogões foram doados, principalmente para as chamadas “famílias orfãs”. Por causa do grande número de vítimas da Aids em Lesoto, em muitos lares, jovens que ainda nem completaram 18 anos, são responsáveis por cuidar de seus irmãos mais novos.
Mortes provocadas pela inalação do carbono negro acontecem em diversas outras regiões carentes do mundo – em países da Ásia, na Índia e inclusive, no Brasil. Ao oferecer uma tecnologia mais barata e sustentável, como o fogão portátil ACE 1, é possível reduzir a pobreza nestes lugares e promover o desenvolvimento destas comunidades.
Os criadores do incrível ACE 1 querem comercializá-lo no mundo todo, afinal ele também é uma solução inovadora para acampamentos, piqueniques ou festas ao ar livre. É outra maneira de financiar o projeto e reinvestir recursos em Lesoto.
Confira no vídeo abaixo quais são as principais vantagens do projeto African Clean Energy:
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*African Clean Energy
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Fotos: divulgação African Clean Energy