Sobreviventes de câncer celebram a vida em ensaio fotográfico na água
“Fui diagnosticado com câncer de estômago em janeiro de 2008 e tive meu estômago, baço, metade do pâncreas e um terço do esôfago removidos no mês seguinte. Passei por quimioterapia e radioterapia e várias complicações e desafios inesperados nos dois anos seguintes. Queria que minha filha Ava fizesse as fotos debaixo d’água comigo. Ela é a principal razão pela qual estou aqui hoje. Ava é meu anjo”.
O depoimento emocionante é do americano Steve Melen, que aparece na imagem acima ao lado da filha. Assim como ele, outros sobreviventes de câncer decidiram celebrar a reconquista da saúde e – da vida – em ensaios fotográficos embaixo d’água.
A ideia é da fotógrafa japonesa Erena Shimoda. Apesar de ter nascido e crescido em Tóquio, longe do mar, ela sempre foi apaixonada por histórias de sereias e o mundo submarino.
Izumi Hirayama ao lado de seu ensaio fotográfico
Atualmente, morando em São Francisco, na Califórnia, Erena é mergulhadora profissional. As sessões fotográficas com os sobreviventes de câncer são chamadas de “Underwater Healing” (Cura Subaquática, em tradução livre). “Tento ajudar estas pessoas a melhorar a autoestima. Meu objetivo é trabalhar mente e corpo através da magia dos retratos subaquáticos, escreveu Erena em seu blog.
As imagems são cheias de simbolismo. Se água é vida para o planeta, para as pessoas fotografadas, é um momento de afirmação, liberdade e recomeço.
“Debaixo da água, o mundo desaparece e você encontra-se novamente. A quietude remove barreiras entre elemento e corpo. Somos lembrados a reviver mais uma vez”, conta após o ensaio, Lorine Stone, diagnosticada com câncer quando tinha 34 anos. “A diversão está na descoberta e no desapego. Somos todos tão bonitos e merecemos ser vistos dessa forma após o tratamento”.
O simbolismo da água no recomeço após o câncer
Muitas vítimas da doença têm dificuldade em expressar suas dúvidas e medos. E mesmo após a cura, podem levar algum tempo a reconhecer o próprio corpo, que sofreu com o câncer.
“Pelas lentes de Erena, uma nova e vagamente familiar imagem minha surgiu. O que enxerguei na fotografia foi uma pessoa capaz, forte e alegre. E esta pessoa era eu. Foi maravilhoso!”, diz Erica Yee, que descobriu um câncer no seio um dia após completar 32 anos.
No ano passado, foram registrados 576 mil novos casos de câncer no Brasil, de acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e do Ministério da Saúde. No mundo todo, cerca de 14 mihões de pessoas descobrem estar com a doença anualmente. Uma das principais barreiras a ser enfrentada pelos portadores é justamente falar sobre o câncer.
Erena Shimoda conseguiu, de uma maneira sensível e poética, que estes sobreviventes exponham seus sentimentos e reafirmem sua força de viver.
Steve e a filha Ava celebram na água a alegria de viver e ter um ao outro
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Fotos: divulgação Erena Shimoda