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10 casos de sequestro que ganharam os noticiários

Por Marcelo Andreguetti e Darllam Cruz
Atualizado em 16 jul 2018, 15h37 - Publicado em 15 abr 2015, 19h32

A história da criminologia moderna traz casos fascinantes de sequestros que chamam nossa atenção ora pelo choque, por serem atos de terrível crueldade com os raptados e suas famílias, ora pelos nuances psicológicos que existem por trás desses grandes crimes. Muitas vezes, o motivo pelo qual o sequestrador cometeu o delito vai muito além do valor do resgate; e outras vezes o próprio sequestrado pode desenvolver empatia com seu abdutor: é a chamada “Síndrome de Estocolmo”, que tem esse nome por se referir a um caso de assalto à banco na capital da Suécia. Após serem libertados, os reféns defenderam as ações dos criminosos.

Veja  alguns casos que entraram para a história recente do Brasil e do mundo, e que poderiam (e alguns já foram) facilmente virar filmes.

1. O Sequestro de Lindbergh

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O rapto de Charles Lindbergh Jr. causou comoção nos Estados Unidos em 1932. Filho do famoso aviador Charles Lindbergh, o primeiro a voar sobre o Atlântico sem paradas, o bebê de 1 ano e 8 meses foi sequestrado em seu berço e teve seu resgate estipulado em 50 mil dólares.

Chamado de “Crime do Século”, o caso envolveu gente como o presidente Herbert Hoover e até mesmo Al Capone, que ofereceu ajuda em troca de dinheiro ou de sua liberdade. O sequestro mexeu tanto com o país que incentivou uma corrida pela recompensa de 75 mil dólares oferecida pela família e pela polícia — quantia que, naquele período da Grande Depressão, era uma pequena fortuna.

Mas o caso não terminou nada bem. Dois meses após o sequestro, um andarilho encontrou o corpo de Lindbergh. Jr. num bosque a sete quilômetros da casa da família. A investigação durou mais de dois anos, e resultou na condenação do carpinteiro Bruno Richard Hauptmann, executado na cadeira elétrica em abril de 1936.

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2. Frank Sinatra Jr.

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O filho de Frank Sinatra foi sequestrado em 1963, num restaurante de Lake Tahoe, quando tinha apenas 19 anos. A fama e os contatos de Sinatra lhe renderam ajuda tanto de meios oficiais, tipo o FBI, como de organizações mais obscuras, como a máfia de San Giacana. Até J. Edgar Hoover, na época diretor do FBI, se envolveu diretamente no caso.

Frank Sinatra Jr. foi libertado após dois dias de negociação e o pagamento do resgate pelo pai, que logo depois conseguiu seu dinheiro de volta através da polícia. Mesmo depois que tudo se resolveu, houve quem falasse que tudo não passou de uma armação para promover a carreira musical de Frank Jr. De quem, mesmo? Pois é, não deu muito certo.

 

3. Massacre de Munique

Uma das grandes tragédias do século 20 veio na década de 70, quando a tensão entre israelenses e palestinos estava em ebulição após a Guerra dos Seis Dias, de 1967.

Escolhida como sede dos Jogos Olímpicos de 1972, Munique queria apagar a imagem deixada pelas Olimpíadas de 1936, que serviram de palco para o regime nazista. O clima esperado para os jogos de 72 era de paz e conciliação, o que fez com que a segurança nos jogos fosse negligenciada. As equipes responsáveis pela segurança, por exemplo, sequer portavam armas.

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No dia 5 de setembro, oito palestinos do grupo terrorista Setembro Negro invadiram a Vila Olímpica, matando dois membros da equipe israelense e fazendo outros 11 reféns. Nas operações de negociação que seguiram, uma sucessão de erros estratégicos levaram a tiroteios e confrontos no aeroporto de Fürstenfeldbruck, que resultaram na morte de todos os reféns, além de cinco terroristas e um policial.

A tragédia e o despreparo da polícia alemã fizeram com que o país saísse novamente com a imagem manchada. Em 2005, estreou o filme Munique, dirigido por Steven Spielberg, que conta a história da operação de retaliação do governo israelense lançada após o ataque.

 

4. Amber Hagerman

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Um caso acontecido na cidade suburbana de Arlington, no Texas, causou comoção por todo o país. Amber Hagerman tinha apenas 9 anos quando foi raptada ao andar de bicicleta perto de sua casa, no dia 13 de janeiro de 1996. A força policial e a comunidade se comoveram para localizar a garota, mas quatro dias mais tarde ela foi encontrada flutuando de bruços num riacho, com um corte no pescoço. Seu assassino nunca foi localizado, e o caso continua sem solução.

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Devastados, os pais de Amber procuraram meios mais eficientes de divulgar informações sobre crianças perdidas. Uma associação de gerentes de rádio de Dallas (Fort Worth Association of Radio Managers) se uniu com agências policiais locais para implementar um sistema de busca que recebeu o nome de AMBER Alert Plan (Plano de Alerta Amber).

O AMBER Alert, como ficou conhecido, é ao mesmo tempo um acrônimo de America’s Missing: Broadcast Emergency Response e uma homenagem à pequena Amber. O Alerta Amber se difundiu por toda a extensão dos Estados Unidos e também para outros países. Durante seus seis primeiros meses de implementação, o sistema ajudou a recuperar 20 vítimas somente no estado da Califórnia.

 

5. Patrícia Abravanel

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Em 2001, o apresentador de televisão mais famoso do país esteve sob os holofotes, só que dessa vez não havia pegadinha ou qualquer ritmo de festa. Patrícia Abravanel, filha de Sílvio Santos, foi sequestrada na porta da casa de sua família, no Jardim Morumbi, em São Paulo, no dia 21 de agosto. No mesmo dia, os sequestradores exigiram resgate de 2 milhões de dólares e total sigilo do caso junto à imprensa. A ausência da mídia no caso não veio, mas o resgate foi pago e Patrícia foi liberada uma semana depois.

A história não acabou por aí. O mentor do sequestro, Fernando Dutra Pinto, foi perseguido pela polícia e matou dois policiais a tiros. No dia 30 de agosto, Fernando invadiu a casa de Silvio Santos e manteve como refém toda a família do dono do SBT. Fernando só se entregou à polícia depois que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, garantiu a sua integridade. Meses depois da captura, Fernando sofreu na prisão um corte profundo nas costas, e morreu devido a uma infecção generalizada por causa do ferimento. Segundo relatório elaborado pela ONG Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos, Fernando morreu em consequência de tortura, maus tratos e negligência médica. Presos da unidade em que ele se encontrava denunciaram que Fernando foi espancado dias antes de morrer e não recebeu atendimento médico adequado.

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6. Wellington Camargo

Embora não seja o filho de Francisco mais famoso, o cantor e compositor gospel Wellington Camargo foi a vítima de um sequestro que mobilizou a imprensa e o povo brasileiro. Raptado em dezembro de 1998, Wellington passou 94 dias em cativeiro — e teve até um pedaço da orelha cortada para pressionar o pagamento dos 300 mil dólares de resgate.

Além dos irmãos famosos, outro motivo de seu rapto ter sido tão comovente foi o fato de Wellington ser cadeirante, vítima de uma poliomielite que teve aos 2 anos de idade. Até mesmo o apresentador Ratinho, na época vivendo o ápice de sua audiência, tentou propor um 0900 que levantasse o dinheiro para o pagamento do resgate. No entanto, sua atitude acabou tendo uma reação negativa: enquanto tentava arrecadar US$ 3 milhões com o público em rede nacional, Ratinho não sabia que os sequestradores já haviam aceitado US$ 300 mil nas negociações com o advogado dos irmãos Zezé e Luciano. O resultado foi um pacote enviado à retransmissora do SBT em Goiânia com um pedaço da orelha de Wellington e um bilhete pedindo agilidade no pagamento.

As negociações seguiram e o valor de 300 mil foi pago no dia 20 de março de 1999. O cantor foi libertado no dia seguinte, num buraco a 150 metros de uma estrada entre as cidades de Goiânia e Guapó. Sete dos dez acusados de participarem do sequestro foram presos no dia 23 em Campo Grande (MS) e condenados em novembro do mesmo ano.

 

7. Abílio Diniz

A história que envolve o sequestro do empresário Abílio Diniz está entremeada de teorias da conspiração, que vão desde o envolvimento direto do PT na ação à hipótese de ter servido como ponto de inspiração para a facção criminosa do PCC.

Sequestrado no dia 11 de dezembro de 1989, apenas seis dias antes do segundo turno da eleição presidencial, Diniz foi surpreendido em seu automóvel por uma Caravan branca na região do Jardim Europa, em São Paulo, e então levado a um cativeiro no bairro do Jabaquara, na Zona Sul. Os sequestradores eram egressos de movimentos revolucionários latino-americanos de esquerda. Entre chilenos, argentinos e canadenses havia um brasileiro: Raimundo Rosélio da Costa, professor de história cearense filiado ao PT.

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Isso bastou para que a polícia e a imprensa se aproveitasse do caso numa tentativa de enfraquecer Lula na prévia das eleições. O ex-governador de São Paulo, Luiz Antônio Fleury, que era Secretário de Segurança Pública do estado na época, admitiu em entrevista ao Último Segundo iG que a polícia vestiu camisetas do PT nos sequestradores antes de mostrá-los a imprensa. Materiais de campanha do partido supostamente encontrados no apartamento em Jabaquara também ajudaram a criar a impressão de envolvimento do PT com o caso, fato que acabou sendo desmentido dias após o resultado das eleições.

Os dez envolvidos permaneceram presos na Penitenciária Estadual do Carandiru até 1999, quando foram mandados de volta aos seus países após uma greve de fome e uma campanha apoiada pelo próprio Lula, justo quem havia sido prejudicado na história toda. Ainda de acordo com Fleury, a convivência dos sequestradores com criminosos paulistanos no sistema prisional do estado teria sido determinante para que presos como Marco William Camacho, o Marcola, organizassem uma estrutura forte que viria a formar o PCC (Primeiro Comando da Capital).

 

8. Washington Olivetto

Caso parecido com o de Abílio Diniz, o sequestro do publicitário Washington Olivetto também foi orquestrado por chilenos, colombianos e argentinos, todos militantes da luta armada em seus países. Mantido entre 11 de dezembro de 2001 e 2 de fevereiro de 2012 num minúsculo cativeiro de apenas 3 metros quadrados no Brooklin, Zona Sul de São Paulo, Washington só foi localizado depois da polícia juntar denúncias que envolviam a reclamação de um estudante de medicina que morava ao lado do cativeiro e de um corretor de imóveis de Serra Negra, a 150 km de São Paulo.

A operação dos sequestradores foi planejada minuciosamente durante 10 meses, e envolveu forte espionagem do dia a dia de Washington Olivetto, disfarces, aparatos eletrônicos, armas e seis endereços no Estado. De acordo com a polícia, foram 15 envolvidos no crime, que custou cerca de R$ 340 mil. O valor solicitado como resgate era de US$ 18,5 milhões.

A denúncia do corretor de Serra Negra levou ao sítio onde estava Maurício Hernandez Norambuena, líder dos sequestradores, e lá foram encontradas armas, disfarces e anotações sobre o sequestro. Norambuena propôs então libertar o publicitário se pudesse avisar os outros envolvidos no crime. No dia 2 de fevereiro, após uma falta de energia elétrica no Brooklin, os vigias do cativeiro fugiram do local na suspeita de que a polícia preparava uma invasão. Olivetto, percebendo que estava sozinho, começou a gritar por socorro, e só foi ouvido graças ao estetoscópio de Aline Dota, estudante de medicina que morava ao lado. Ela chamou a polícia e, enfim, a vítima foi resgatada.

 

9. Natascha Kampusch

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A austríaca Kampusch foi sequestrada na manhã de 2 de março de 1998 em Viena, quando ainda tinha 10 anos de idade. Ela foi mantida em um porão pelo sequestrador Wolfgang Priflopil durante 8 anos, até conseguir escapar no dia 23 de agosto de 2006. Seu caso ficou muito famoso após a publicação do livro 3096 (3096 dias de cativeiro, em Português) e pelo filme lançado em 2013 baseado em sua história.

No livro, Natascha descreve seu dia a dia mantida em cativeiro por Wolfgang, e descreve como seu sequestrador a torturava mantendo-a sem comida e privada da vida do lado de fora da casa. Em 2013, ela chegou a admitir que foi estuprada várias vezes. No entanto, algumas passagens de sua história mostram sinais da “Síndrome de Estocolmo”, fornecendo pistas de que talvez Natascha tenha desenvolvido afeto por Wolfgang. No livro, ela diz “sentir pena da pobre alma” de seu algoz, e, de acordo com a polícia, ela ainda teria chorado inconsolavelmente ao saber do suicídio de Wolfgang, que se jogou sobre um trem em movimento durante uma fuga da polícia em 2006.

 

10. Eloá Pimentel

As 100 horas de terror que culminaram no assassinato da adolescente Eloá em São Paulo foi um dos casos célebres de cobertura jornalística policial no Brasil — e fez o país parar na expectativa do desfecho do sequestro da estudante de 15 anos pelo namorado, Lindemberg Alves Fernandes, de 22 anos.

O crime passional foi motivado pelo fim do namoro de 3 anos do casal, que levou Lindemberg a invadir, armado, o apartamento da ex-namorada em Santo André, quando ela fazia um trabalho escolar acompanhada de três amigos. Nas horas que seguiram, o Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar e emissoras de TV começaram a chegar ao local — que virou um circo midiático até o trágico fim, que viria no dia 16 de outubro de 2008, com a morte de Eloá baleada com dois tiros. Lindemberg foi condenado em fevereiro de 2012 a 98 anos de prisão e permanece hoje preso em Tremembé (SP).

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